Com o prolongamento da prisão preventiva, decretada há nove dias, e após derrotas no Tribunal Regional Federal da 3ª Região e no Superior Tribunal de Justiça, o ex-governador André Puccinelli, 70 anos, desistiu de concorrer ao terceiro mandato de governador. Com o aval do presidente regional, o MDB anunciou, na manhã deste domingo, que a convenção vai homologar a candidatura ao Governo da senadora Simone Tebet.
Ex-prefeita de Três Lagoas, filha do ex-governador e ex-senador Ramez Tebet, Simone está no primeiro mandato de senadora e é esposa do deputado estadual Eduardo Rocha (MDB). A sua candidatura é ensaiada no partido desde 2014, quando André poderia renunciar ao mandato e ela assumiria o comando do Governo para disputar a reeleição.
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A renúncia à pré-candidatura ocorreu dois dias após o ministro Humberto Martins, vice-presidente do STJ, negar o pedido de habeas corpus do ex-governador. André, o filho, ao professor da UFMS e advogado, André Puccinelli Júnior, e o dono do Instituto Ícone, João Paulo Calves, são investigados na Operação Lama Asfáltica, a maior ação contra a corrupção na história de Mato Grosso do Sul.
A prisão preventiva do trio foi decretada pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, que acatou pedido do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Eles acusam o ex-governador de usar o instituto para receber propina e lavagem de capitais.
Pesou ainda contra o emedebista a ocultação de provas em uma quitinete alugada no Indubrasil. A prisão foi referendada pelo desembargador Maurício Kato, do TRF3, e pelo vice-presidente do STJ.
Inicialmente, o MDB planejava manter a candidatura de André, que voltou a assumir a ponta nas pesquisas no dia da prisão, conforme levantamento do Instituto Ranking. Apesar da rejeição elevada, ele superava o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT).
Com a mudança no cenário eleitoral, que inclui a candidatura a governador do procurador de Justiça Sérgio Harfouche (PSC), só as novas pesquisas vão apontar o impacto da decisão do ex-governador.
Simone pode herdar o apoio do PR e mais oito partidos nanicos, que já tinham decidido fechar aliança com Puccinelli. O lançamento da senadora pode forçar o DEM, com dois deputados federais ligados ao ex-governador, a repensar a aliança com Reinaldo e indicar o candidato a vice-governador e a senador na chapa do MDB.
Por enquanto, a sigla só planejava lançar um candidato a senador, Waldemir Moka (MDB), que disputará a reeleição.
Outra opção é o senador Pedro Chaves (PRB), que sonhava em participar da chapa de Reinaldo, mas acabou preterido pelo ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) e pelo ex-secretário de Infraestrutura, Marcelo Miglioli.
Com esperanças de deixar a prisão nos próximos dias, já que a defesa deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal, o ex-governador poderá disputar uma das vagas de deputado federal, puxando votos para o MDB.
Se este cenário se concretizar, ele realizará o projeto idealizado para Edson Giroto, que chegou a assumir o comando do PR para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. No entanto, o ex-secretário está preso desde 8 de maio e, a mais nova esperança, é deixar a prisão no dia 9 do próximo mês, quatro dias após o prazo final das convenções.
O Supremo vai julgar o pedido de libertação feito pelo empresário João Amorim, também preso acusado de integrar a mesma organização criminosa, que teria causado prejuízo de R$ 300 milhões aos cofres estaduais.