O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e advogado André Puccinelli Júnior alugou a quitinete no Indubrasil para ocultar provas contra o pai, o ex-governador André Puccinelli (MDB). A conclusão é da Polícia Federal, que encontrou indícios para pedir a prisão preventiva de ambos.
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Conforme despacho do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, o episódio não é surreal, mas verdadeiro. O emedebista, que chego a aparecer na liderança de uma pesquisa para a sucessão estadual, escondeu documentos, balanços e pastas que o comprometem no suposto esquema criminoso de lavagem de dinheiro.
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“São extremamente agudos os indícios de que a documentação pertencente a André Puccinelli foi propositalmente ocultada por ele e por seu filho em residência de terceiros”, diz o magistrado.
Todo o material estocado em um conjunto de quitinetes em um vilarejo pobre da Capital não é montagem nem surreal, mas verdadeiro. O dono do espaço, Luiz Gonçalves Valente Filho, revelou que atendeu pedido do filho, Osni Rangel Valente, para alugar o espaço em troca de R$ 500.
Osni é funcionário do Instituto Ícone Ensino Jurídico, cujo real dono seria Puccinelli Júnior, desde 2015. Devassa nas contas da empresa constatou o pagamento R$ 25,4 mil em 2015, R$ 36,9 mil em 2016 e de R$ 51,8 mil no ano passado. Com salário de R$ 3,5 mil, ele foi oficialmente registrado em agosto do ano passado.
Em depoimento à PF, Luiz contou que locou para o patrão do filho, que seria o filho do ex-governador. “Dito comportamento é bastante grave e é em fundamento autônomo para a prisão preventiva, qual seja, a garantia (conveniência) da investigação criminal e da instrução penal”, conclui Bruno Teixeira.
O mais grave, os documentos e pastas foram arquivados na quitinete um mês antes da deflagração da Operação Máquinas de Lama, 4ª fase da Lama Asfáltica,
A PF encontrou na quitinete as declarações do Imposto de Renda do ex-governador de 1996 a 2013, movimentações em seis bancos (Brasil, HSBC, Bradesco, Sudameris, Unicred e Rural), relação dos imóveis, lista de imóveis vendidos, cheques e saídas do rebanho, laudos de avaliação de áreas urbanas e da Fazenda Palanque, maquete do Aquário do Pantanal e documentos do Ministério Público Estadual.
No local ainda foram encontrados documentos para ressuscitar outro escândalo envolvendo Puccinelli, a de enriquecimento ilícito e o vínculo com Mauro Cavali. Ele chegou a ser alvo da 4ª fase e responder ação por enriquecimento contra o ex-governador, mas que parou no Superior Tribunal de Justiça porque os deputados estaduais não autorizaram o julgamento.
Com a saída de Puccinelli do cargo em dezembro de 2014, ação criminal retornou ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, onde a história se evaporou e ninguém mais ouviu o desfecho.
Os documentos também desmentem depoimento do ex-governador, prestado em novembro do ano passado, quando foi preso pela primeira vez, de que não mantinha negócios com Cavali.
Aliás, em depoimento à PF, o responsável pelas licitações no município também negou que mantivesse negócios com o ex-governador. No entanto, novos documentos o desmentem e reforçam o vínculo dele com o pré-candidato a governador pelo MDB.
A ocultação de provas e a perpetuação dos crimes pela suposta organização criminosa, da qual o ex-governador e o filho fazem parte, foram alguns dos motivos que levaram a Justiça a decretar a prisão preventiva por tempo indeterminado.
A prisão a 15 dias da convenção deu munição para aliados e adversários do emedebista. Fãs veem perseguição da PF e tentam continuar fiel ao ex-governador por considerá-lo vítima de armação.
Adversários e cidadãos de bem, cansados de pagar alta carga tributária, festejam pelo passo dado para por fim à corrupção.
Agora, as atenções se voltam para o desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal, que já livrou o ex-governador da tornozeleira e da cadeia no ano passado.
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