Um dos médicos mais conceituados do Estado na área de cirurgia bariátrica, Wilson de Barros Canteiro, 56 anos, negou ter cometido qualquer irregularidade na licitação para locação de equipamentos médicos para o Hospital Universitário. Ele destacou que a empresa H. Strattner fez encontro de contas com a instituição e devolveu os R$ 429,8 mil pagos pelo serviço não realizado.
Chateado e abalado com a repercussão da denúncia, aceita na terça-feira pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, ele destacou que não chegou nem a responder processo administrativo na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
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Ao ser convocado para prestar depoimento sobre o caso na Operação Sangue Frio, da Polícia Federal, Cantero explicou que contratou auditoria para comprovar que não cometeu nenhuma irregularidade na história. A licitação não foi fictícia e seguiu todos os tramites previstos na lei federal.
“Quem tinha a caneta, o poder de decisão, era o diretor geral”, frisou. Investigação da PF encontrou e-mail da empresa para o então diretor José Carlos Dorsa, na qual apontava os valores que teriam sido usados como base da licitação aberta meses depois. A H. Strattner venceu para fornecer 17 itens, que somariam R$ 10,057 milhões.
“Nunca entraram na minha sala, nunca conversei com eles”, garante. Cantero ressaltou, contudo, que após a constatação de que não houve a prestação dos serviços, o grupo procurou o hospital e fez o ressarcimento dos R$ 429.840. “Não houve prejuízo”, garantiu.
A outra empresa, a Labor Med, que ficou com R$ 2,5 milhões, mas nunca locou os equipamentos. De acordo com o ex-diretor técnico, ela nunca apareceu no HU porque os seus equipamentos eram incompatíveis com os utilizados.
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – Capítulo de Mato Grosso do Sul e professor há 26 anos, Wilson de Barros Cantero se mostrou bastante preocupado em manter a lisura do seu nome. “Nunca tive nada a ver com isso”, frisou, frustrado pela dor de cabeça causada pela a única experiência como gestor público.
Atualmente, ele já desenvolve uma parceria com o Ministério Público Estadual para zerar a fila de espera de 100 pessoas que aguardam por cirurgia bariátrica em Campo Grande. Até o momento, 24 pacientes já realizaram o sonho de dar um grande passe na luta contra a obesidade mórbida.
Em todo o Estado são mais de 300 pacientes. Cantero é o único médico a utilizar vídeo nas cirurgias bariátricas em hospitais universitários da Centro Sul do País. Todas as cirurgias são realizadas pelo Sistema Único de Saúde, conforme o médico.
Para o advogado Danny Fabrício Cabral Gomes, o ex-diretor técnico é inocente e vai provar isso no decorrer do julgamento da ação.