Apesar da propaganda ostensiva e do apoio dos meios de comunicação, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não lidera as pesquisas e ainda segue empatado com o ex-governador André Puccinelli (MDB). Para ganhar musculatura para vencer o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), o tucano sonha com “grande pacto” nas eleições deste ano. No entanto, a união pode causar desgaste, situações inusitadas e ainda uniões improváveis na atual conjuntura política.
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Conforme o levantamento do IPEMS, divulgado pelo Correio do Estado, Odilon tem oito pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Azambuja e Puccinelli estão empatados em segundo.
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Apesar de todo o desgaste das denúncias, de ter sido preso pela Polícia Federal e de ser réu na Operação Lama Asfáltica, o emedebista recuperou espaço e briga com o tucano com chances reais de ir a eventual segundo turno na disputa do terceiro mandato.
Além disso, mesmo sem a caneta do Executivo, André demonstrou grande habilidade política ao garantir apoio de partidos importantes, como o PSB e o PR. Reinaldo conseguiu segurar o apoio do PTB, do ex-prefeito Nelsinho Trad, e pode ter o apoio do PSD, mas o prefeito Marquinhos Trad adiou o anúncio oficial.
O governador perdeu o apoio do DEM, que ganhou força com a filiação da deputada Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, do deputado estadual José Carlos Barbosa e do ex-prefeito de Dourados, Murilo Zauith. Aliás, o democrata oficializa a pré-candidatura de Murilo ao Governo, que passa a disputar o mesmo eleitorado do tucano.
Como o risco de não chegar ao segundo turno é uma hipótese real, Reinaldo passou a sonhar com a criação do “grande pacto”, que incluiria o MDB e o DEM. Durante a semana, ele fez questão de fazer propaganda que vem negociando o apoio do MDB à sua reeleição. Um dos principais entusiastas seria o deputado Eduardo Rocha, marido da senadora Simone Tebet (MDB).
A união criaria saia justa entre os aliados de ambos os lados. Em entrevista à Rádio CBN, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues, um dos sócios do Correio do Estado, aliado de Puccinelli, foi taxativo: o candidato apoiado por Marquinhos perderá a eleição. Nesta situação, os dois subiriam no mesmo palanque.
O ex-prefeito Alcides Bernal (PP) fechou com Reinaldo. Ele acredita piamente que o ex-governador foi o principal articulador da sua cassação, manobra confirmada pela Operação Coffee Break. Como nos planos de Reinaldo, André seria candidato a senador, como ficaria a reunião com a presença do emedebista e o progressista.
Outro problema seria os pré-candidatos a senador. Líder nas pesquisas, Nelsinho vem percorrendo o Estado junto com Reinaldo. Na eventual composição, Puccinelli seria candidato a senador.
Como ficariam os demais pré-candidatos, como o ex-secretário estadual de Infraestutura, Marcelo Miglioli (PSDB), os senadores Pedro Chaves (PRB) e Waldemir Moka (MDB). Murilo descarta ser vice-governador, porque já ocupou o posto no primeiro mandato de André e também sonha em disputar o Senado.
Para os aliados, a aliança facilitaria a reeleição de Reinaldo e garantiria o foro para Puccinelli. Mesmo sem o direito a julgamento no STF na Lama Asfáltica, sendo representante da mais alta casa do legislativo, o emedebista criaria constrangimentos ao juiz, porque terá direito a definir os horários e locais para prestar depoimento, por exemplo.
Já para os adversários, a união facilitaria a campanha de Odilon, que veria todos os envolvidos em denúncias no mesmo barco.
Neste sábado, o Correio do Estado traz entrevista de Puccinelli em que joga um balde de água fria nas pretensões do tucano. Ele reafirma a candidatura ao Governo e descarta aliança. No próximo dia 19, o MDB faz o encontro regional na Capital, onde deverá reunir uma multidão para reafirmar o prestígio do ex-governador.
O mais importante é o eleitor, que terá a palavra final. Para quem costuma desdenhar da capacidade da população de reagir às articulações nos bastidores, a eleição de Bernal em 2012 ainda serve de parâmetro.
Na ocasião, com chapa pura, sem dinheiro e estrutura, ele derrotou Edson Giroto, que não tinha a fama atual, contava com um amplo arco de alianças da esquerda à direita e ainda o apoio de duas máquinas importantes, a prefeitura e o governo do Estado. O então candidato de Nelsinho e André tinha tempo de televisão de sobra e perdeu.
Além disso tudo, a eleição de 2018 tem tudo para substituir a Justiça no julgamento das denúncias de corrupção. Com o julgamento implacável das redes sociais, quem sobreviver as urnas, poderá até ensaiar, com razão, o discurso de que obteve um salvo conduto.