Principal alvo de boatos e de ataque dos principais meios de comunicação, o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT) segue na liderança e como favorito na disputa do Governo de Mato Grosso do Sul. Por outro lado, a intensa campanha, que carinhosamente ganha outras denominações, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e ex-governador André Puccinelli (MDB) conseguiram “anular” as denúncias de corrupção e manter a disputa acirrada por uma vaga no segundo turno.
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Encomendada pelo jornal Correio do Estado, a pesquisa do IPEMS mudou, mais uma vez, a estratégia para auferir o humor do eleitorado. Em outubro, o instituto ouviu eleitores nos 79 municípios. Em dezembro, foram 50 cidades. Desta vez, mais uma mudança, o universo ouvido foi restrito a 40, o que dificulta a comparação com outros levantamentos. A manobra pode ser custo, mas também visa outros motivos não declarados.
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Conforma pesquisa feita entre os dias 14 e 20 deste mês, com margem de erro de 2,83%, Odilon lidera com 33,94%. A vantagem de 8,44 pontos percentuais lhe garante o primeiro lugar fora da margem de erro.
O que falta divulgar
IPEMS fez sondagem ampla, que permite uma boa análise das eleições deste ano.
Além da intenção de votos estimulada, o instituto pesquisou e ainda não divulgou:
- intenção de voto espontânea
- projeção de segundo turno de André com Amaducci, Odilon e Reinaldo; Amaducci com Odilon e Reinaldo; Odilon e Reinaldo
- rejeição dos candidatos
- intenção de voto para o Senado
- deputados estaduais e federais
Fonte: TSE (Pesquisa custou R$ 24 mil e foi paga pelo próprio instituto)
O pedetista segue em ascensão – tinha 25,29% em outubro (em 50 cidades) e 32,5% em dezembro (79). Neste período, o magistrado foi acusado pelos jornais de se isolar de outros partidos, não aceitar alianças e de enfrentar racha interno no PDT. Além disso, houve boato de que retiraria a candidatura para apoiar Azambuja e disputar uma vaga no Senado.
Odilon reage aos ataques e reafirma a candidatura, mas só conta com as redes sociais para propagar sua versão.
Investigado em dois inquéritos por corrupção no Superior Tribunal de Justiça, inclusive de ter recebido R$ 38,4 milhões da JBS, o governador também cresceu no período. Ele saltou de 16,92% em outubro para 23,17% em dezembro e, agora, com 25,5%.
Além da propaganda intensiva e do apoio de todos os jornais, sites e emissoras de televisão, Reinaldo acertou na estratégia de campanha. Oficialmente, ele garante que só fala de eleição depois da Copa do Muno da Rússia, que acaba em julho.
No entanto, o tucano percorreu todos os municípios para inaugurar ou lançar obras. Paralelamente, o PSDB promove encontros regionais para reforçar pré-campanha pela reeleição do governador.
Puccinelli, principal alvo da Operação Lama Asfáltica, que chegou a prendê-lo por 24 horas em novembro e monitorá-lo com tornozeleira eletrônica por uma semana em maio, e citado nas delações da JSB (R$ 112 milhões) e da Odebrecht (R$ 2,3 milhões), mantém um público fiel, que representa um quarto do eleitorado.
Ele tinha 25,29% em outubro e chegou a 24,58% em dezembro. Neste mês, conforme o Correio do Estado, segue com 25,43%, mas oscilou na colocação, de primeiro para terceiro lugar. O ex-governador investiu na campanha intensiva, principalmente com os encontros regionais do MDB, sempre com grande público.
Puccinelli e Reinaldo estão em empate técnico e com chances de chegar ao segundo turno. O Correio do Estado, que apoia o emedebista através de um dos sócios, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues (PTC), vê empate triplo e os três com chances de chegar ao segundo turno. Na visão do jornal, Odilon, com oito pontos de vantagem, pode ficar fora do segundo turno.
Odilon lidera todos os levantamentos divulgados neste ano (Datamax e Ranking). O Top Mídia New registrou duas pesquisas e pode divulgar a primeira nesta semana.
O juiz federal conta com a campanha para tentar ampliar o apoio popular. Por enquanto, o magistrado ainda sofre o desgaste causado pelos boatos espalhados pelos adversários, de que não tem estrutura e não tem condições de levar a candidatura até o fim.
Reinaldo é o favorito a estar no segundo turno, porque vem crescendo e conta com o apoio da máquina. Em 1998, com o Estado em ruínas, Wilson Martins (MDB) conseguiu emplacar o seu candidato, o ex-secretário de Fazenda, Ricardo Bacha, no segundo turno.
André segue na disputa, mas também sofre com os boatos dos adversários, de que na reta final será substituído pelo plano “B”. Com o fim do prazo de desincompatibilização, só sobrou a senadora Simone Tebet (MDB) como opção para ser a sua substituta pela sigla.
Além disso, a tendência é de que o avanço das investigações desgaste o emedebista e tirem o ex-governador do segundo turno, repetindo a saga de outra lenda estadual, o ex-governador Pedro Pedrossian, que liderava as pesquisas e ficou fora do segundo turno em 98 devido à erosão na popularidade causada pela não conclusão das obras.
Se um dia é suficiente para reviravolta eleitoral, como ocorreu em 2002, quando Delcídio do Amaral, na época no PT, conseguiu vencer Pedrossian graças a uma carta publicada no dia da eleição por Antônio João na capa do Correio do Estado, pouco mais de cinco meses é uma avenida para uma sucessão de reviravoltas.
No atual contexto, 50% dos eleitores ignoram ou são coniventes com as denúncias de corrupção. O leitor apressado pode chegar à conclusão de que o Brasil não vai mudar nunca, apesar da gritaria contra os corruptos nas redes sociais.
É cedo ainda para tirar a conclusão de que o eleitor não vai mostrar a indignação na urna.
Depois, a população ainda sente-se confusa com a proliferação das denúncias de corrupção, que surgem em velocidade atordoante, enquanto a Justiça segue morosa, devagar, quase parando para julgar as denúncias.