Mato Grosso do Sul enfrenta a maior crise econômica de sua história e contabiliza o fechamento de 17.560 vagas de empregos nos últimos três anos. Para tentar mudar este cenário, principalmente na região de fronteira, o Governo estadual decidiu apoiar o evento para divulgar as vantagens de se investir, pasmem, no Paraguai, a bola da vez na América Latina.
[adrotate group=”3″]
As intenções do “Encontro de Negócios Mato Grosso do Sul – Paraguai” são ótimas, principalmente, porque visam incrementar o desenvolvimento econômica na fronteira, a região mais pobre do Estado.
Veja mais:
MS fecha 17,5 mil vagas em três anos e desemprego marca gestão de Reinaldo
No entanto, o evento promovido pela Fiems (Federação das Indústrias), Sebrae e Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) é um gol contra.
O Paraguai passou a ocupar o lugar de MS na atração de indústrias. Graças a Lei Maquila, que permite a instalação de indústrias voltadas para a exportação com o pagamento de 1% de imposto, o país vizinho atraiu 107 indústrias em quatro anos, sendo 85% brasileiras. São do ramo de metalurgia, automobilística e brinquedos.
O Paraguai em números, ótimos
Carga tributária é a 5ª mais baixa do mundo: 7,5%
Crescimento contínuo de 6,7% ao ano
40 portos e a 3ª maior frota de barcaças fluviais, só inferior aos EUA e China
Malha rodoviária: 23% é pavimentada, contra 13% no Brasil
Moeda local Guarani existe há 74 anos. Real existe há 24
Enquanto os políticos sul-mato-grossenses só visam a criação de novos meios de elevar a arrecadação tributária, os paraguaios buscam alternativas para simplificar ainda mais o processo.
De acordo com Ernesto Paredes, do Conselho Nacional das Indústrias Maquiladoras, a taxa de retorno do investimento é de 22% no Paraguai, uma das mais altas do mundo.
Além de mão de obra abundante, o Paraguai oferece energia elétrica 50% mais barata, encargos sociais ficam em 35% e menos burocracia.
Os trabalhadores ganham salário mínimo de US$ 365 (R$ 1,2 mil), maior que o brasileiro, mas trabalham mais, 48 horas semanais. Eles só possuem 12 dias de férias por ano. O direito a 30 dias só vale após 10 anos de trabalho.
O Paraguai mandou uma delegação para convencer os empresários sul-mato-grossenses a investirem do outro lado da fronteira.
O problema é que a crise econômica causou desemprego recorde no Estado. Desde a posse do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), em 2015, já foram fechadas 17,5 mil vagas. O tucano não só admite a grave crise, como a responsabiliza pelos resultados das finanças públicas. A dificuldade financeira o obrigou a conceder reajuste de apenas 2,94% em outubro aos servidores estaduais, o primeiro em três anos.
Para o secretário Jaime Verruck, da Semagro, apesar das vantagens ofertadas pelo Paraguai, o Estado pode ganhar muito com a integração econômica. Na mesma linha, o superintendente de Indústria do órgão, Bruno Gouvêa Bastos, destacou que a parceria entre os dois países é fundamental para deslanchar o programa de instalação de indústrias na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
O problema é que MS conta com poucos atrativos para oferecer para atrair indústrias diante do país vizinho, que cresceu 3,5% no ano passado, e dispõe de uma boa logística de escoamento da produção.
Até o noticiário econômico mudou no Estado, que passou a falar mais das usinas de açúcar e etanol em crise, do que dos investimentos vultosas da década passada.
O boom agora é a industrialização acelerada no Paraguai.