Alvo da Operação Máquinas de Lama, terceira fase da Lama Asfáltica, a H2L Equipamentos e Sistema só não ganhou uma das sete licitações milionárias lançadas pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no fim de ano. Detalhe curioso, a empresa não participou deste certame, que tinha o menor contrato entre os sete do pacote de fim de ano tucano.
O resultado surpreendeu o dono do conglomerado, Rodolfo Pinheiro Holsback, 53 anos, que pretende manter outros três contratos milionários, que serão licitados em janeiro. O primeiro do ano será da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), que abre as propostas na terça-feira (9) e prevê o desembolso de até R$ 3,2 milhões por ano.
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Na semana “perdida”, entre o Natal e o Ano Novo, o tucano promoveu sete licitações para contratar empresa especializada na locação de equipamentos de informática e softwares. Só no último dia útil do ano, dia 29 de dezembro, foram licitados três contratos, que somam R$ 5,143 milhões por ano.
Os pregões eletrônicos ocorreram simultaneamente entre 13h e 16h58 de sexta-feira, tinham apenas dois concorrentes e ficaram com a H2L.
O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) foi o primeiro (das 13h às 14h52), com o contrato de R$ 2,641 milhões. O Grupo Holsback ganhou ao oferecer desconto de 18,9% e garantir faturamento de R$ 2,141 milhões.
O segundo foi a Fundação Estadual de Saúde (14h32 às 15h41). A H2L reduziu o valor de R$ 2,060 milhões para R$ 1,559 milhão e levou com deságio de 24,3%.
O terceiro certame, no valor de R$ 442,6 mil, era da Junta Comercial (16h às 16h58). A H2L ofereceu desconto de 13,25% e vai receber R$ 384 mil por ano.
A empresa ganhou as três licitações realizadas no dia 27 de dezembro: Agesul (R$ 828 mil, desconto de 19,84% em relação ao lance máximo de R$ 1,033 milhão), Secretaria de Administração (de 28,16%, de R$ 792 mil para R$ 564 mil) e Secretaria de Governo (32,39%, de R$ 337,6 mil para R$ 228,2 mil).
O Jacaré tinha antecipado no dia 21 de dezembro deste ano que a empresa era favorita a ganhar o certame.
Só não levou a licitação da Fundação Estadual do Trabalho, o menor valor entre os sete (R$ 292,8 mil) e realizada na quinta-feira (28). O certame só teve um concorrente e a Futura, de Cuiabá (MT), ficou com o contrato com desconto irrisório, de 0,23%, e deve receber R$ 291,5 mil.
A derrota surpreendeu o empresário Rodolfo, que admite ser favorito nas próximas três licitações milionárias de locação de equipamentos de informática. Ele presta serviço para o Governo estadual desde 1995, quando ganhou a primeira licitação.
A suspeita levantada na Operação Lama Asfáltica não impediu o grupo empresarial de ganhar contratos milionários no ano passado. Em outubro, a H2L assinou o contrato com a Secretaria Estadual de Educação, que lhe garantirá R$ 13,764 milhões por ano.
Em seguida, venceu o contrato milionário para fornecer equipamentos para Secretaria Estadual de Fazenda, no valor de R$ 6,240 milhões.
Conforme o Portal da Transparência, no ano passado, o Governo empenhou R$ 30,3 milhões para a H2L e pagou R$ 29,2 milhões.
Alvo da Operação Máquinas de Lama, terceira fase da Lama Asfáltica, a H2L é suspeita de pagar R$ 1,7 milhão em propinas para manter os contratos com a administração estadual na gestão de André Puccinelli (PMDB), que chegou a ter a prisão preventiva decretada na quinta fase, denominada Papiros de Lama.
O empresário nega o pagamento de propina. Sobre a movimentação financeira, ele atribuiu a compra de gado dos envolvidos na organização criminosa, conforme a PF.
O Governo não se manifestou sobre o eventual direcionamento no edital para favorecer a H2L.
Empresário rebate suspeitas e nega favorecimento em licitações milionárias
O empresário Rodolfo Pinheiro Holsback nega qualquer irregularidade nas licitações, vencidas pela H2L. Também negou contato com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para manter os contratos milionários com a administração estadual.
Ele admite que é o revendedor autorizado da Kyocera para Mato Grosso do Sul. No entanto, garante que outras empresas, como Samsung, Xerox e Canon possuem condições de atender as exigências feitas pelos órgãos estaduais.
“Nós investimos para isso”, ressalta, para ter estrutura e condições de participar dos certames. “Praticamente não há disputa, são seis meses de preparação”, argumenta, explicando que quando o edital é lançado, a empresa já deve estar pronta para atender o contrato. “Quando lança, já tem dono”, arremata.
“Não dá para chegar e ganhar”, rebate, sobre a acusação de que o Governo dificulta para outras empresas para facilitar a vitória da H2L.
Rodolfo conta que a relação com a administração pública estadual não é fácil. Apesar de ter doado para a campanha e apoiado Azambuja,ele diz que não teve benefícios. Conforme o empresário, eleito, o governador cortou 25% do repasse feito à empresa.
Em alguns casos, a H2L mantém o serviço, mesmo sem contrato. A Secretaria de Governo só licitou em dezembro, mas não existe contrato há mais de ano. No caso do Detran, o vínculo está vencido há um ou dois meses, mas a prestação do serviço não foi interrompida. Depois, ele é obrigado a solicitar reconhecimento de dívida.
Sobre o valor do serviço, Holsback não se faz de rogado e admite que é caro, porque atende 24 horas, capacita bem e treina bastante os funcionários.
Para afastar qualquer suspeita de corrupção, gaba-se de que a empresa nunca mudou de nome, desde a criação, há 24 anos.
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