O ex-senador Delcídio do Amaral admitiu, em depoimento ao Ministério Público Federal, que recebeu US$ 1 milhão em propina paga pela compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele e mais 10 ex-executivos podem ser condenados a devolver R$ 170 milhões à estatal.
Conforme a denúncia da Força-Tarefa do MPF na Operação Lava Jato, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa acertaram a compra da refinaria americana, apesar de ter sido construída na década de 20 do século passado e do péssimo estado, mediante o pagamento de propina no valor de US$ 15 milhões.
O grupo atestou falsamente que Pasadena tinha qualidade para ser adquirida pela companhia brasileira, apesar de não ter condições de processar o óleo marlim, exportado pela Petrobras. Também convenceram a empresa a desembolsar US$ 475 milhões, apesar de a estatal ter avaliado a refinaria em US$ 258 milhões. A consultoria Muse Stancil estimou que o valor de mercado oscilaria entre US$ 84 milhões e US$ 176 milhões.
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Além de pagar quase três vezes o valor de mercado pela refinaria, os executivos ainda acertaram o pagamento de US$ 20 milhões em “bônus” para agilizar o pagamento da propina em setembro de 2005.
O pagamento dos US$ 15 milhões foi feito por meio de falso contrato de consultoria firmado por Fernando Soares, o Fernando Baiano, que usou a empresa Iberbran Integración de Negócios Y Tecnologia SA.
A propina foi dividida entre os integrantes da organização criminosa, oscilando entre US$ 600 mil e US$ 4 milhões.
Diretor da área internacional, Nestor Cerveró, contou que Delcídio o procurou e cobrou parte da propina para bancar a campanha a governador em 2006, quando perdeu para André Puccinelli (PMDB).
Como fez acordo de delação premiada com o MPF, Delcídio admitiu que recebeu parte da propina paga pela Astra Oil. Ele contou que o dinheiro foi usado para quitar dívidas da campanha de 2006, da qual se arrepende até hoje. Aliás, esta campanha foi o pivô da briga entre o ex-senador e o deputado federal Zeca do PT. O ex-petista acusa o ex-governador de não ter lhe apoiado na época.
Delcídio contou que o dinheiro foi entregue em cinco ocasiões por Fernando Baiano para um amigo de longa data, Alberto Godinho. No depoimento, na linha do acredite se quiser, o ex-petista fala que foi a única vez na vida que recebeu dinheiro proveniente do pagamento de propina.
Baiano confirmou o pagamento da Godinho, mas fala em outro valor. Na delação premiada, o operador do PMDB revelou que repassou US$ 1,5 milhão ao homem indicado pelo ex-senador, que se apresentou como “amigo de infância”.
Cerveró foi outro delator a confirmar o pagamento da propina ao ex-senador. Eles se encontravam para acertar os esquemas no Hotel Excelsior, no Rio de Janeiro, porque Delcídio evitava participar de encontros na sede da Petrobras.
Na ação penal protocolada ontem, o MPF denuncia 11 pessoas. Delcídio é acusado cinco vezes pelo crime de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
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