Preso acusado de chefiar a quadrilha, que supostamente roubou R$ 270 mil de propina por ordem de Rodrigo Azambuja, filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o mestre de obras aposentado Luiz Carlos Vareiro, 61 anos, contou à polícia que é “laranja” da empresa Ciacon Construções e Obras. Nos últimos seis anos, a construtora recebeu R$ 17,3 milhões do Governo do Estado.
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A cada novo detalhe, a história rocambolesca supera ainda mais a realidade. Luiz Vareiro foi preso com mais três homens pelo roubo de Ford Fiesta e R$ 9 mil de Ademir José Catafesta, 62, no dia 27 de novembro na BR-262. Eles contaram que foram contratados para recuperar propina destinada a José Ricardo Guitti, o Polaco, que estaria envolvido em esquema de corrupção.
Vareiro contou à Polícia Civil e ao promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, do Grupo Especial de Combate à Corrupção, que também é “dono” da Ciacon, empresa que presta serviços de saneamento básico ao Governo do Estado e à Prefeitura de Campo Grande.
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Realmente, conforme a consulta de sócios da empreiteira, Luiz Carlos Vareiro aparece como sócio do engenheiro civil Reginaldo João Bacha. Oficialmente, eles abriram a construtora em 2011. O capital social da companhia é de R$ 2 milhões.
No depoimento, ele conta que é semianalfabeto, ou seja, frequentou a escola por seis meses e sabe apenas assinar o nome. Não sabe ler. Mora no Bairro São Conrado e vive de renda da aposentadoria de R 1,2 mil e mais R$ 2,5 mil pago pela empresa.
Luiz Carlos Vareiro contou que figura como proprietário, mas que não é o real dono da construtora, que pertence, de fato, ao engenheiro civil Reginaldo João Bacha. Ele contou que assina documentos e deu procuração com amplos poderes ao “sócio”, mas que não sabe do que se tratam os papéis porque não sabe ler.
O “laranja” ainda contou que a empresa passou a ter dificuldades financeiras após a desarticulação do suposto esquema criminosa e da prisão do empresário João Amorim, dono da Proteco, um dos principais alvos da Operação Lama Asfáltica.
A Ciacon Construções e Obras tem contratos milionários dom o Governo do Estado. De 2012 até este ano, quando é possível consultar os repasses no Portal da Transparência, a empreiteira recebeu R$ 17,310 milhões. Só na gestão de Reinaldo foram R$ 11,8 milhões.
A empresa também ganhou licitações da Prefeitura de Campo Grande, que repassou R$ 969,2 mil nos últimos três anos, de 2015 a 2017.
A história é semelhante ao escândalo da Engecap, empreiteira em nome de dois garis, que tinha contratos milionários com a prefeitura da Capital. O acusado de ser o verdadeiro dono era o engenheiro Éolo Genovês Ferrari.
A obra mais importante realizada pela Engecap foi a Avenida Interlagos, entre as avenidas Três Barras e Ernesto Geisel.
A denúncia foi feita pelo então deputado estadual Semy Ferraz e teve repercussão nacional. O prefeito era André Puccinelli (PMDB), que se viu obrigado a romper com a construtora, que entrou em decadência.
Os garis foram processados por sonegação fiscal e Ferrari ainda responde pelo caso na Justiça estadual. Ele não foi condenado e voltou a ser denunciado no âmbito da Operação Lama Asfáltica.
Governo nega irregularidade e promete apurar denúncia
Na sexta-feira, o Governo do Estado se manifestou sobre a história, que considerou “estranha”.
Por meio da assessoria, a informação é de que não procede a denúncia envolvendo o filho do governador.
Contudo, confirmou que a empresa presta serviços para o Estado. O Governo destacou que tem o interesse em investigar e desvendar a denúncia para esclarecer as “inverdades”.
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