2 de agosto entrou para a história como mais um dia da vergonha na política brasileira. Quatro deputados federais de Mato Grosso do Sul deram as costas para o povo e votaram contra o combate à corrupção. Eleitos com o apoio de políticos envolvidos em denúncias de corrupção, Carlos Marun (PMDB), Tereza Cristina Corrêa Dias da Costa (PSB0) e os tucanos Elizeu Dionizio e Geraldo Resende ajudaram a impedir a investigação de Michel Temer (PMDB), o primeiro presidente na história republicana a ser denunciado por corrupção passiva ao Supremo Tribunal Federal.
Eleita por 75.149 votos e com a campanha eleitoral mais cara do Estado, com gasto de R$ 4,293 milhões, Tereza Cristina não foi fiel nem ao próprio partido. Líder do PSB, ela orientou a bancada a votar pela investigação, mas votou para blindar o peemedebista, acusado de cobrar propina de R$ 500 mil por semana da JBS.
Tereza nem se preocupou em se justificar diante da opinião pública. Eleita com o apoio do ex-governador André Puccinelli (PMDB), investigado pela Polícia Federal pelo suposto desvio de R$ 200 milhões na Lama Asfáltica e réu na Justiça pelo golpe contra Alcides Bernal (PP), a parlamentar limitou-se a dizer “sim”, pelo arquivamento da denúncia contra Temer.
Com respaldo dos evangélicos, que supostamente seguem a bíblia, Elizeu Dionizio não parecia o mesmo político da época da cassação de Bernal, quando era combativo e ferrenho crítico do desvio do dinheiro público.
Logo após a denúncia da JBS, Dionizio chegou a assinar o pedido de impeachment de Temer e gravou vídeo pedindo a derrubada da organização criminosa instalada no Palácio do Planalto. No entanto, após receber R$ 2,6 milhões em emendas, o tucano mudou de lado e passou a trabalhar contra o combate à corrupção.
Assim como Tereza, Dionizio conta com o respaldo do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), acusado de cobrar R$ 38,4 milhões em propinas da JBS. Ele também votou contra orientação do líder do seu partido, que era pela seguimento da denúncia no STF.
Geraldo Resende, eleito com o voto de 87.546 eleitores sul-mato-grossense e gasto de R$ 1,593 milhão na campanha, também votou pela impunidade. Ele fez um longo discurso para justificar que acompanhava o relatório da Comissão de Constituição e Justiça, mas votou a favor de Temer.
Além do apoio de tucanos, que são acusados de cobrar propina, Geraldo é réu no Supremo Tribunal Federal na Operação Uragano, aquela em que só o ex-prefeito de Dourados, Ari Artuzi, foi punido até o momento.
Notório “mosqueteiro” de Temer e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), condenado a 14 anos por corrupção, Carlos Marun debochou do eleitor. “Confio na inocência do presidente Michel Temer”, discursou o peemedebista, o primeiro a votar pela bancada federal sul-mato-grossense.
Eleito com o apoio de 91.816 eleitores, Marun gastou R$ 1,624 milhão na campanha eleitoral para ser eleito em 2014. Além de integrar o grupo de Cunha e Temer, o parlamentar faz parte do staff de Puccinelli e ainda é réu por superfaturamento de contratos quando era diretor da Agehab.
Marun ainda é investigado pela Polícia Federal por criar fakes, junto com o ex-senador Delcídio do Amaral, para atacar os adversários na internet.
Réu no Supremo por causa do escândalo Gisa, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) surpreendeu ao acompanhar os deputados da oposição, Zeca do PT, Vander Loubet (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT). Os quatro votaram pela manutenção da ação por corrupção contra Temer.
Com um sucinto não, Mandetta deu o recado, de que ouviu os seus 57.374 eleitores. O parlamentar teve dignidade ao votar contra a impunidade da corrupção, que causa mortes e castiga a população brasileira, obrigada a arcar com medidas amargas, como o aumento dos combustíveis.
Citado nas delações da Odebrecht e da JBS, mais votado entre os oito deputados federais do Estado, com 160.556 votos, o ex-governador Zeca do PT fez o discurso contra as medidas adotadas por Temer, como as reformas trabalhista, da previdência e das medidas a “a favor do latifúndio”. O petista se mostrou digno ao não criticar a operação da qual é um dos alvos.
Dagoberto Nogueira destacou que as provas, de que Temer usou o cargo para se corromper, são robustas e concretas. O pedetista segue o seu partido, que conseguiu sair ileso do turbilhão de denúncias de corrupção que assola a classe política brasileira.
Réu na Lava Jato e citado na delação da JBS, Vander também votou a favor da investigação de Temer. Com a campanha mais cara entre os deputados de oposição, com gasto de R$ 2,9 milhões, o petista foi fiel aos seus 69.504 eleitores, que são totalmente favoráveis a saída de Temer da presidência.
Michel Temer saiu vitorioso na sessão desta quarta-feira, porque a oposição não conseguiu os 342 votos necessários para autorizar a investigação.
No entanto, os deputados devem voltar ao horário eleitoral para se manifestar contra ou a favor a corrupção que destrói a saúde, a educação, a segurança e a esperança do povo brasileiro.
Temer será denunciado, ainda neste mês, por obstrução da justiça e integrar organização criminosa. E os deputados serão obrigados a se manifestar se votarão a favor da roubalheira ou pela punição dos corruptos.
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