Nem as operações da Polícia Federal intimidam os políticos sul-mato-grossenses. Alvo da Operação Máquinas de Lama, a empresa H2L Equipamentos e Sistemas venceu licitação milionária da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda). De acordo com o jornal Midiamax, o certame era de “cartas marcadas”, ou seja, duas semanas antes da conclusão, já se sabia o resultado com precisão.
A denúncia é gravíssima e mostra que nada intimida o secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, acusado de emitir nota falsa para justificar o pagamento de propina para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Com contratos milionários, empresa quer construir o maior prédio
De acordo com o Midiamax, a H2L venceu a licitação e vai ganhar o contrato de R$ 6,240 milhões para fornecer impressoras e softwares de captura, indexação e gerenciamento de impressão.
Só a empresa tinha a carta do fabricante, exigência que limitou a concorrência e excluiu as demais empresas do pregão. O resultado foi publicado no Diário Oficial de sexta-feira.
O Governo tucano faz algo parecido com o praticado pelo então prefeito Nelsinho Trad (PTB), alvo de ações por fraude na operação tapa buracos. De acordo com a Força-Tarefa do MPE, ele exigia que só poderia participar da licitação a empresa que tivesse carta de um fornecedor de lama asfáltica localizada a menos de 50 quilômetros da Capital.
A H2L pertence ao Grupo Holsback, que foi alvo da Operação Máquinas de Lama, denominação da 4ª fase da Lama Asfáltica, e pretende construir o edifício mais alto de Campo Grande. O proprietário, Rodolfo Holsback, chegou a ser preso por porte ilegal de munições pela Polícia Federal.
O grande problema da administração pública é a manutenção dos vícios, como o item que limita a concorrência e acaba onerando os cofres públicos com contratos milionários e caros. Ou seja, ao restringir a participação, o governador acaba eliminando uma proposta mais vantajosa.
Mas o problema não é só na Secretaria Estadual de Fazenda.
O Detran mantém licitação milionária sob suspeita. O órgão eliminou uma empresa que propôs realizar o serviço por R$ 6,040 milhões, mas mantém a Pirâmide, que já presta o serviço em regime emergencial e propõe R$ 17 milhões.
Enquanto mantém contratos assim, o governador nega reajuste aos funcionários públicos há três anos. Sob risco de parte do funcionalismo entrar em greve amanhã, Reinaldo só aceita dar reajuste de 2,94% a partir de outubro deste ano.
Aos 75 mil servidores, o tucano alega que falta, pois é, acredite, dinheiro.