A DigithoBrasil rebateu os principais pontos da denúncia feita pelo MPE (Ministério Público Estadual), aceita pela Justiça após três anos, e garante que prestou o serviço durante oito anos para ter direito ao pagamento de R$ 16,4 milhões. A companhia também explicou que só mudou a razão social, adotada há 15 anos, como estratégia de marketing e reposicionamento no mercado.
A polêmica começou com a investigação em 30 de junho de 2008. Cinco anos depois, em 2013, o promotor do Patrimônio Público, Fabrício Proença Azambuja, denunciou à Justiça os ex-presidentes da Agência Estadual de Habitação, os deputados Carlos Marun (PMDB) e Amarildo Cruz (PT), sócios, ex-sócios da empresa e outros funcionários públicos.
O Jacaré publicou o caso porque a denúncia foi feita pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, em substituição na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, que viu indícios de improbidade administrativa.
Na sexta-feira, a diretora-executiva da DigithoBrasil, Suely Almoas, falou sobre o caso e negou irregularidades nos contratos firmados com o Governo estadual, que incluem a Agehab, Sanesul e as secretarias estaduais de Fazenda e Educação.
Suely alegou que não houve superfaturamento, porque a empresa forneceu o software e consultoria e manutenção. Na denúncia, o promotor não apontou qual foi o valor superfaturado, mas denunciou todo o montante pago à DigithoBrasil pelo período de oito anos, entre 2004 e 2012.
Além disso, a diretora-executiva garante que houve fornecimento de mão de obra especializada para inserir os dados no sistema. Ela nega de que os terceirizados executavam serviço que deveria ser desempenhado por concursados.
“Não houve desobediência ao TAC, porque ele foi assinado pelo Governo e a Agehab é autarquia, não está inserida”, rebate, sobre a acusação de que o Estado descumpriu o Termo de Ajustamento de Conduta, firmado com o MPE, em que assumia o compromisso de abrir concurso para substituir os funcionários temporários e terceirizados.
Conforme o MPE, a empresa ficou milionária depois que firmou o contrato com a Agehab, com o patrimônio social saltando de R$ 2 mil para R$ 1,655 milhão.
Suely admite que a DigithoBrasil foi criada para prestar serviço ao poder público. Para conquistar o primeiro contrato, a empresa criou software para crédito imobiliário. Graças ao sistema, a companhia também ganhou a licitação e presta serviço para a Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande).
Ao completar 15 anos de existência, a DigithoBrasil resolveu apostar alto e mudou a razão social para Digix, marca que surge com a missão de se reposicionar no mercado brasileiro.
A empresa desenvolveu o sistema de gestão de merenda para prestação de contas online no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), o que assegurou o novo contrato com o Governo do Estado, que foi firmado com a Secretaria de Educação.
O mesmo modelo vem sendo usado para ampliar a presença da Digix em outros estados. A equipe apresentou, no mês passado, o sistema de gestão da merenda ao FNDE e ao Governo do Distrito Federal.
Além de conquistar o mercado, a empresa investe no bom relacionamento com os cerca de 900 funcionários. Segundo Suely, no ano passado, ficou em 56º lugar no ranking nacional das melhores empresas para se trabalhar no Brasil.
“Estamos na luta para ficar na frente da Google neste ano”, brinca a diretora-executiva, sobre a primeira colocada entre as melhores companhias para se trabalhar no País.
Confira as matérias publicadas sobre a DigithoBrasil:
Reinaldo mantém contrato e paga R$ 124 mi à empresa acusada de superfaturamento
Deputados viram réus por contrato milionário com empresa que até mudou de nome