Celso Bejarano
Os três candidatos a chefiar a reitoria da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) participaram de um único debate na atual campanha, apenas na última quarta-feira (8). Embora tenham apresentado propostas diferentes um do outro, houve pouco embate entre as três chapas que disputam o direito de comandar a instituição no período de 2024 a 2028.
A eleição acontece nesta sexta-feira (10) e o resultado deve ser conhecido logo depois das 21h. O pleito será acompanhado pela Polícia Federal e pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve manter a tradição de indicar o mais votado.
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Embora a UFMS seja dona de um dos maiores orçamentos de MS, de R$ 1,2 bilhão, cifra que supera a maioria do que arrecadam as 79 prefeituras, os adversários concordaram com uma questão a se preocupar na próxima gestão: melhorar a receita da universidade, arranjar meios de captar mais recursos.
No primeiro dos quatro blocos do debate os adversários disseram o motivo pelo qual querem comandar a reitoria da instituição.
Camila Celeste Brandão Ferreira Itavo, da chapa 2, Sempre Melhor, que é vice-reitora da UFMS, recordou o período da pandemia e ainda dos bloqueios financeiros impostos contra as universidades federais logo no início da Covid-19.
“Ainda assim a universidade avançou. É possível fazer mais”, cravou ela.
Marco Aurélio Stefanes, da chapa 3, Um Marco para o Século XXI, afirmou, logo no início, que a UFMS nada mais é do que chamou de “extensão do ensino médio”. Ele afirmou, ainda, que um dos eixos de seus planos tem a ver com a valorização dos servidores da universidade, afinal “são eles que sabem o que a UFMS precisa”.
Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho, da chapa 1, UFMS Alternativa, também mencionou a valorização dos servidores e disse que, se vencer o pleito vai impor uma gestão eficiente e “mais humana”.
Os candidatos, depois, fizeram perguntas entre si. Marco Aurélio criticou a atual gestão que estaria favorecendo apenas “aqueles que beijam a mão”, no caso, para conquistar algo, como melhoria de um projeto, por exemplo, teriam de bajular a atual chefia da reitoria.
Camila, que é vice-reitora da UFMS, amenizou o ataque, contudo disse “não concordar com o argumento, mas respeita”.
Na discussão, os adversários comentaram, também, o atual orçamento da UFMS. Ruy Alberto, afirmou ser imprescindível revigorar a receita da instituição.
A receita da UFMS, de R$ 1,2 bilhão anual, disse o representante da chapa 1, gasta R$ 89,5% com o pagamento dos servidores. Resta, apenas, disse ele, apenas 1,6% do total para investimento, ou seja, afirmou o candidato, “sobra pouco, é um cobertor curto e, isso exige responsabilidade no uso dos recursos”.
O concorrente arrematou a ideia dizendo que o orçamento da UFMS deve melhorar com a ajuda da bancada federal [deputados federais e senadores de MS] e ainda por meio de captação de recursos com parcerias a serem criadas.
Em seguida, o público que assistia ao debate presencialmente ou pela TV e rádio da UFMS, elaborou 86 questões, sendo que 7 delas foram escolhidas e transferidas aos candidatos à reitoria.
Numas das questões, os concorrentes responderam o que devem fazer para evitar o fechamento de cursos, por exemplo. Os adversários apontaram, de novo, o problema com a receita da UFMS, hoje, restrita, praticamente para quitar a folha de pagamento dos servidores.
Houve, ainda, queixas acerca das reuniões promovidas pela reitoria e que estaria sendo efetuadas de maneira online, mesmo com o fim da Covid. Os concorrentes concordaram que, em suas gestões, em caso de vitória, devem, ao mínimo, promover reuniões híbridas, aquelas em alguns participantes estão no mesmo lugar, enquanto outros não. Hoje, a dificuldade de fazer reunião presencial tem a ver com a falta de recurso.
Como os candidatos pretendem melhorar o espaço de convivências nos campi da UFMS foi uma das sete questões respondidas. Revitalização da biblioteca, quadras poliesportivas apareceram como alternativas.
Camila revelou que é plano da UFMS criar nos campi o que chamou de “Casa dos Hóspedes”, que serviria de abrigo aos professores visitantes e ainda para acolher estudantes que se encaixam dentro da conhecida vulnerabilidade social.
A UFMS conquistou o conceito máximo entre as 69 universidades federais brasileiras, mas tem como melhorar ainda mais, questionaram professores que assistiam ao debate.
Marco Stefanes afirmou que a preocupação de sua gestão, caso vença o pleito, vai focar em “números que não são mostrados” na pesquisa do MEC que elegeu a UFMS como uma das melhores do país.
Já Ruy afirmou que, ainda com a avaliação positiva do MEC, assim enxerga a UFMS: “somos melhor que isso”.
Os candidatos discutiram também o espaço de pesquisa da UFMS no Pantanal, que hoje cobra diárias de docentes e estudantes que queiram explorá-la. Aspirantes à vaga na reitoria apontaram a aplicação de mais recursos no local para tornar o acesso descomplicado.
Os candidatos
Camila Itavo é a atual vice-reitora da UFMS e conta com o apoio de Marcelo Turine. A candidata da situação é formada em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Ela é mestre em Ciência Animal pela UFMS e doutora em Zootecnia pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). Camila é professora da Faculdade de Medicina Veterinária.
Ruy Alberto também é formado em Zootecnia, mas pela Universidade Federal de Lavras. Ele tem mestrado em Melhoramento Genético Animal pela UNESP. Professor da Faculdade de Medicina Veterinária, ele tem doutorado em Ciências Biológicas, também pela UNESP.
Marco Aurélio é formado em Ciências da Computação da UFMS e conta com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Faculdade de Computação, ele foi um dos fundadores da Pantanal Incubadora Mista de Empresa (PIME) da UFMS e foi presidente da Associação dos Docentes (AdUfms).