O deputado estadual João Henrique Catan (PL) é o único entre os 24 integrantes da Assembleia Legislativa contra a aprovação da lei estadual idealizada para salvar o Pantanal de Mato Grosso do Sul. Além de votar contra, o bolsonarista tem sido contundente nas críticas ao projeto encaminhado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), que conta com o aval de ambientalistas e até produtores rurais.
“Esta lei chega disfarçada, ao conceder algumas autorizações para manejo diferente, porém, na prática, vai inviabilizar a criação do gado e seu manejo, o plantio na parte alta do Pantanal, de maneira que vai tornar esta área improdutiva – que é o que eles querem”, bradou João Henrique, em carta aberta para justificar a postura contra a preservação de uma das áreas mais belas do mundo e classificada pela ONU como patrimônio natural da humanidade.
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A lei, feita com aval da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é uma resposta do Governo estadual e dos deputados estaduais à ofensiva sobre o Pantanal, que vinha sendo destruído pelo desmatamento e pelos incêndios.
Na avaliação de João Henrique, o projeto é um complô para desvalorizar as terras pantaneiras e repassá-las para organizações internacionais. “Simplesmente, o preço das terras pantaneiras vai cair, desvalorizando o Pantanal para quem produz”, afirmou o liberal, sobre a proposta que proíbe o cultivo de soja, cana de açúcar e outras culturas na planície pantaneira.
“Trata-se de um contrassenso, porque o pessoal deste Governo atual expropria o fazendeiro exatamente quando ele está improdutivo. Eles querem expropriar o Pantanal, querem torná-lo improdutivo, para venderem o Pantanal a preço de banana para organismos que irão comprar aquelas terras, claro, não sem antes pagar um valor irrisório para o fazendeiro por meio de programas de crédito ou de compensação de serviços ambientais”, alertou.
Atuar na contramão da preservação ambiental, principalmente na era do aquecimento global e das ondas de calor quase insuportáveis, é apenas mais uma das polêmicas de João Henrique. O deputado já efetuou disparos em um clube de tiro durante a sessão e defende o voto impresso.
Ele criticou até Marina Silva, uma das brasileiras mais notórias em nível mundial na defesa do meio ambiente. “A Ministra Marina Silva, que não convive com o Pantanal, os técnicos, que não conhecem sequer onde fica o Pantanal – o que é uma vazante, o que é um corixo, um areado – e sequer suportam o calor do Pantanal, estas pessoas ameaçaram intervir no Estado de Mato Grosso do Sul e, por meio de ongs e organismos internacionais, costuraram esta Lei do Pantanal, apresentada pelo Governador do Estado de Mato Grosso do Sul e prestes a ser aprovada pela Assembleia Legislativa”, acusou.
Quem votou a favor da Lei do Pantanal
- Antonio Vaz (Republicanos)
- Coronel David (PL)
- Gleice Jane (PT)
- Pedro Kemp (PT)
- Zeca do PT
- Jamilson Name (PSDB)
- João César Mattogrosso (PSDB)
- Lia Nogueira (PSDB)
- Mara Caseiro (PSDB)
- Paulo Corrêa (PSDB)
- Zé Teixeira (PSDB)
- Lidio Lopes (Patri)
- Londres Machado (PP)
- Lucas de Lima (PDT)
- Marcio Fernandes (MDB)
- Renato Câmara (MDB)
- Pedro Pedrossian Neto (PSD)
- Prof Rinaldo (Podemos)
- Roberto Hashioka (União Brasil)
No entanto, nem todos os bolsonaristas atuam contra a lei para preservar o Pantanal. Amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos principais defensores do ex-presidente, o deputado estadual Coronel David (PL) votou a favor do projeto e defende a preservação da planície pantaneira.
“Eu sei as agonias que passa o ribeirinho, as dificuldades do homem pantaneiro, do produtor rural, e sei da importância de preservar esse grande bioma. Nós temos que preservar o nosso Pantanal, mantendo o pantaneiro sendo atendido nas suas expectativas, mas não perdendo a visão da preservação”, defendeu Coronel David.
“Fiquei surpreso com o projeto que chegou, porque caminha naquilo que nós almejávamos, que é a preservação do Pantanal, elaborado com a sociedade civil, ambientalistas, Embrapa e a Comissão de Meio Ambiente dessa Casa”, elogiou o deputado estadual Pedro Kemp (PT).
“Essa lei dispõe sobre a conservação, a proteção, a restauração e a exploração ecologicamente sustentável da Área de Uso Restrito da Planície Pantaneira (AUR Pantanal), além de criar o Fundo Estadual de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Pantanal. Seguimos altivos e combativos em defesa da preservação do Pantanal e do seu uso sustentável por aqueles que, historicamente, habitam o bioma e vivem em harmonia com a natureza”, elogiou o ex-governador Zeca do PT.
O projeto foi aprovado em primeira votação na última quinta-feira (7) com 18 votos. Apenas João Henrique foi contra. O deputado bolsonarista não teme ser taxado de vilão do meio ambiente.