Com 266,8 mil pessoas famintas em Mato Grosso do Sul, a Campanha da Fraternidade 2023 foi lançada oficialmente nesta quarta-feira (22) em Campo Grande. O tema deste ano é “Fraternidade e Fome”. Conforme levantamento das Organização das Nações Unidas, o Brasil voltou ao Mapa da Fome em 2018 e a situação se agravou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o arcebispo metropolitano, Dom Dimas Lara Barbosa, o foco será acompanhar de perto a realidade das favelas na Capital.
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“É um tempo de interiorização, penitência, oração, jejum e de conversar, para vermos o que nós podemos fazer de concreto. Nós queremos ver de perto nossas favelas, quando cheguei aqui há 11 anos, não existiam, e hoje temos mais de 30”, relatou Dom Dimas em entrevista ao g1.
A missa de abertura da Campanha da Fraternidade em Campo Grande será no próximo domingo, 26 de fevereiro, a partir das 9h, no poliesportivo Dom Bosco.
Conforme a Arquidiocese, o objetivo da campanha “é sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.
A Campanha da Fraternidade ocorre todos os anos, durante a Quaresma, momento em que os cristãos começam a se preparar para a Páscoa, comemorada, em 2023, no dia 9 de abril.
Famintos de MS
Pesquisa divulgada em setembro de 2022 informou que 266.883 pessoas passam fome em MS – 9,38% da população e o 5º menor índice entre os 26 estados e o Distrito Federal. No Brasil, o percentual de famílias sofrendo com a falta de comida triplicou em quatro anos, de 5,8% em 2018 para 15,5% neste ano.
O levantamento faz parte da 2º Inquérito Nacional de Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil, realizado pela Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).
De acordo com a pesquisa, 20,54% dos moradores vivem com insegurança alimentar moderada – redução na quantidade de alimentos entre os adultos ou a ruptura nos padrões de alimentação por falta de alimentos.
Outros 35,04% sofrem com a insegurança alimentar leve – a família tem preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro para manter a qualidade da alimentação.
Apenas 35,04% dos sul-mato-grossenses possuem segurança alimentar – a garantia das três refeições diárias e sem preocupação com a manutenção da qualidade no futuro.
Mapa da fome
O país havia saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados da década de 1990. Mas voltou a figurar no cenário a partir de 2018, obtendo um especial agravamento ao longo da pandemia de Covid-19 e do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um país entra no Mapa da Fome quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos.
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave