Os candidatos a governador de oposição, Capitão Contar (PRTB), e da situação, Eduardo Riedel (PSDB), devem apostar nos pontos fracos do adversário para conquistar os indecisos em uma disputa que sinaliza ser uma das mais acirradas da história de Mato Grosso do Sul. Apesar do palanque tucano ter agregado mais apoios, o deputado conseguiu apoios importantes e não está isolado no segundo turno.
Inicialmente, dos oito candidatos na disputa, o eleitor acabou optando por Riedel, que representa a continuidade da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), e por Capitão Contar, que teve o mandato de deputado marcado pela oposição à gestão tucana.
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Nos pontos mais polêmicos, como o aumento de impostos e a redução no salário dos professores sem concursado, Capitão Contar votou contra. Além de Riedel ter integrado a administração como secretário de Governo e de Infraestrutura, o seu vice, o deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), votou a favor da redução de 32% nos vencimentos dos profissionais da educação básica.
Apesar de se apresentar como “novo”, o candidato a governador do PSDB tem, justamente, na gestão de Reinaldo os bons motivos para ter o voto do eleitor. O Governo do Estado está com as finanças equilibradas, inclusive com superávit, e concedeu reajuste linear de 10% aos servidores após três anos com os salários congelados.
Além da experiência por ter atuado na gestão como integrante do primeiro escalão por pouco mais de sete anos, o tucano ainda aposta nas vitrines da gestão tucana, como os programas Mais Social, que paga uma bolsa de R$ 300 para as famílias de baixa renda, e o plano que pagou a conta de luz de 162 mil famílias até o fim deste ano.
O calcanhar de Aquiles de Riedel é o escândalo de corrupção envolvendo Reinaldo Azambuja. O governador foi denunciado pelo MPF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e chefiar organização criminosa no Superior Tribunal de Justiça em outubro de 2020. O ex-secretário não tem nenhuma denúncia, mas carrega o ônus de ser o candidato de Reinaldo.
Já Capitão Contar tem como cartão de visitas o mandato como deputado, no qual se manifestou de forma veemente contra o aumento de impostos, como a alta de 20% no ICMS sobre a gasolina, e de até 71% no Fundersul. Ele também foi um dos poucos deputados a votar contra a redução no salário dos professores sem concurso público, que passaram a ganhar quase 50% menos do que o efetivo desde julho de 2019.
O deputado ainda foi ao autor da denúncia no superfaturamento de mais de R$ 2 milhões na compra de cestas básicas com recursos da covid-19 para entregar às famílias carentes durante a pandemia. O MPE constatou o desvio e denunciou os acusados à Justiça.
O deputado passou a sofre ataques após os apoios no segundo turno. O ex-governador André Puccinelli (MDB), a deputada federal Rose Modesto (União Brasil) e o ex-prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), anunciaram apoio ao candidato de oposição e deixaram claro que não exigiram cargos.
Por um lado, os apoios tiraram a pecha de radical e isolado de Capitão Contar na disputa eleitoral. Por outro, deram o argumento que o adversário precisava para coloca-lo no mesmo balaio, de que todos os políticos são iguais.
Formado na prestigiosa Academia Militar das Agulhas Negras, Capitão Contar tem sofrido ataque de que não terá experiência para administrar o Estado. Ele é alvo da mesma estratégia usada contra Zeca do PT em 1998, quando se elegeu governador após atuar apenas em sindicatos e de um mandato como deputado estadual.
O petista – que apoia Riedel – conseguiu colocar as finanças do Estado em dia, concluiu obras paradas e teve uma gestão marcada pelo aumento expressivo na arrecadação sem aumentar impostos. Na ocasião, um dos motes de Zeca foi fechar o ralo e combater à corrupção na arrecadação de tributos.
Os dois candidatos apoiam a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, o apoio do presidente vem sendo alvo de outra batalha judicial entre os dois candidatos. No primeiro turno, Bolsonaro anunciou que Capitão Contar era o melhor candidato a governador. Já no segundo turno, o presidente anunciou que ficará neutro em MS.