As candidatas a governadora Giselle Marques (PT) e Rose Modesto (União Brasil) confrontaram o ex-governador André Puccinelli (MDB), líder nas pesquisas, que foi chamado de “dinossauro” pela deputada federal. Na disputa pelo voto de oposição à gestão tucana, o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) e Capitão Contar (PRTB) trocaram farpas no 3º bloco do debate entre os candidatos a governador, promovido na noite desta terça-feira (6) pelo site Primeira Página e Morena FM.
Candidato de Reinaldo Azambuja (PSDB), o tucano Eduardo Riedel acabou sendo prejudicado por ser sorteado para confrontar com os lanternas na disputa, o bacharel em Direito, Adonis Marcos (PSOL), e o primeiro índio a disputar o Governo de Mato Grosso do Sul, Magno de Souza (PCO).
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O primeiro confronto ocorreu entre as mulheres. Rose questionou Giselle sobre a proposta para resolver a miséria no Estado, onde 600 mil pessoas passam fome e 70 mil pacientes aguardam na fila sem perspectiva de realizar uma cirurgia. A petista lembrou a gestão Zeca do PT, que teria construído 10 hospitais, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criou o Samu.
Na resposta, a deputada relembrou da sua história. “Eu sou filha de doméstica, de servente de pedreiro. Já morei em casa de tábua e chão batido. Cheguei em Campo Grande em 85, fui morar numa casa de 42 metros quadrados com seis irmãos, minha mãe e meu pai. Já morei em bairro sem asfalto, sem esgoto, andei em ônibus lotado e fui aluna bolsista. Quero dizer, que só estou aqui, para combater desigualdades. Vamos fazer o maior investimento na área social da história de Mato Grosso do Sul”, prometeu.
Giselle retrucou que não adianta ter origem humilde e votar contra os trabalhadores no Congresso Nacional. Ela também acusou a candidata do União Brasil de ter votado contra o direito de férias, FGTS e 13º para as empregadas domésticas. “Não basta ter história”, alfinetou a petista.
A candidata do PT também cobrou André, que foi ao Supremo Tribunal Federal contra o piso nacional do magistério e contra a destinação de um terço da hora atividade para os professores. O ex-governador reagiu dizendo que o PT pagava o 6º maior salário aos professores e ele entregou com o 3º maior.
Outro confronto com o emedebista ocorreu com Rose. O ex-governador questionou o fato de Rose ter sido aliada de Reinaldo e só rompido com o tucano por ter sido preterida por Riedel. O emedebista frisou que ela foi vice-governadora no primeiro mandato do tucano.
“Essa é uma pergunta que eu gostaria de responder de forma diferente. Eu estou aqui, porque quem me preferiu foi o eleitor, eu tomei decisão de ser candidata a governadora de MS depois de ouvir a população de MS nos últimos anos e com muita coragem viu ex-governador, para tentar fazer diferente. O senhor teve oportunidade de ser governador por oito anos, foi prefeito mais oito e entrou na justiça para não pagar salário de professor, tirou insalubridade de trabalhador da saúde, foi duro e acho que hoje, olhando para tudo isso, não poderia mesmo sendo um grande desafio, depois de 44 anos, de ter coragem de estar enfrentando o senhor, um dinossauro da política”, respondeu, taxando no adversário a pecha de ultrapassado.
“Espero que o eleitor se lembre do dia de hoje no debate, corrigindo-a só em uma questão, na questão do magistério, como eu disse a Giselle, nós passamos do 6º salário para o 3º. Na área da saúde somos considerados o melhor governador na área da saúde. O para trás não vai resolver para frente”, retrucou.
“O passado tem muita importância, o seu Governo deixou de olhar para as pessoas, não priorizou a educação e só valorizou os professores no final do seu Governo, ainda deixou a conta para o sucessor”, atacou Rose.
Marquinhos e Contar tiveram duas oportunidades. Inicialmente, o ex-prefeito questionou o adversário sobre a alta carga tributária da agricultura familiar. O deputado respondeu que só vai conseguir reduzir imposto quem não tiver o rabo preso nem acordos políticos.
No segundo confronto, Contar foi direto ao ataque e lembrou das denúncias de assédio contra o ex-prefeito, a existência de 35 favelas em Campo Grande e as medidas adotadas durante a pandemia da covid-19.
“Armaram contra a minha pessoa. A Justiça já determinou o trancamento de quase 50%”, respondeu Marquinhos, reafirmando que foi vítima da gestão do PSDB. Ele previu que conseguirá se livrar do inquérito nos próximos dias. Ele garantiu que adotou todas as medidas de combate a covid-19. “Fomos referênciana vacinação e não morreu ninguém sem que tivesse em um leito de UTI”, garantiu. Sobre as favelas, ele disse que foi herança dos antecessores.
Capitão Contar reagiu e citou as “altas taxas de lixo e do esgoto” e que as medidas de fechamento e toque de recolher prejudicaram os empresários. Marquinhos disse que deixou R$ 1,5 bilhão garantidos em investimentos para a prefeita Adriane Lopes (Patri), e assegurou que 85% eram destinados para obras nos bairros.
Riedel teve um confronto morno. Com Adonis, ele chegou a ouvir o candidato do PSOL anunciar: “não vim para falar mal de Governos anteriores”, afirmou o bacharel em Direito, para alívio do candidato da situação.
O tucano acabou encurralado por Magno, que lhe criticou por ter defendido o despejo dos índios em Amambai sem ordem judicial e ainda de ter acusado os guaranis de serem ligados ao tráfico de drogas. Ele acusou o Governo de promover o “genocídio” e “a matança” dos índios. Também lamentou que a PM tenha atuado junto com o latifúndio nas reservas indígenas.
Emparedado, Riedel respondeu que não vai permitir que haja desordem, mas não respondeu sobre ter retirado os índios sem ordem judicial. Ele afirmou que o Governo dá 20 mil cestas básicas para os índios e prometeu realizar concurso para professores indígenas. Sobre a demarcação, ressaltou que se trata de questão federal.