Dos 6.115 moradores de Vicentina, apenas 12,7% estão ocupados e 33,3% vivem com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 20,20 por dia). Apesar disso, o município vai desembolsar R$ 650 mil para contratar quatro shows sertanejos para a festa de 35 anos, a ser comemorada de 16 a 20 deste mês. Apesar disso, a cidade ainda não paga o piso nacional dos professores.
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Vicentina entra na polêmica de torrar uma grande quantidade de dinheiro com shows musicais, apesar de ser pequeno e ter 90% da receita proveniente de fontes externas, como ICMS e repasse federal. Com 4 mil habitantes e 36% dos moradores vivendo em situação de pobreza, Jateí vai pagar R$ 625 mil para três artistas.
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Em Vicentina, a dupla Maiara e Maraísa cobrou R$ 250 mil. “Saiu barato porque contratei em outubro do ano passado”, avisa o prefeito Marcos Benedetti Hermenegildo, o Marquinhos do Dedé (PSDB). A dupla Hugo e Guilherme vai custar R$ 230 mil, o cantor gospel Fernandinho R$ 90 mil e a dupla Cleyton e Romário R$ 80 mil.
Se for contabilizar o show da dupla Bruninho e Davi, outra grande atração nacional na cidade, a conta sairá por R$ 770 mil. Contudo, o show dos sertanejos, R$ 120 mil, vai ser paga pelo Governo do Estado através da Fundação de Cultura.
Sem considerar o show pago pelo Estado, cada morador de Vicentina vai pagar R$ 106,20 para assistir aos shows de aniversário neste ano. O prefeito admite que os moradores da cidade não possuem condições de pagar para assistir a qualquer um dos shows. O tucano garante que o investimento tem retorno, mas não soube detalhar os números.
De acordo com Marquinhos do Dedé, cada show dever atrair de 15 mil a 20 mil pessoas – um público quatro vezes a população local. Ele conta que os hotéis estão lotados e até casas foram reservadas para os dias de festa. Os salões de beleza de Vicentina e Fátima do Sul estão sem vagas nos dias do furdunço.
“Sempre teve show e nunca teve polêmica”, contou o prefeito. Os holofotes sobre os gastos das prefeituras com cantores sertanejos começaram após os músicos criticarem os gastos da Lei Rouanet com artistas e garantirem que não contavam com dinheiro público. A crítica caiu por terra com a revelação de que prefeituras tem contratados os músicos e duplas sertanejas sem licitação e até desviando dinheiro da educação e saúde para custear as festas.
Vicentina não paga, até o momento, o piso nacional do magistério. De acordo com Fetems, um professor recebe R$ 3.353,35 para uma jornada semanal de 40h, enquanto o piso nacional é de R$ 3.845,63. “Se você olhar direito, vai ver que estamos em negociação”, alerta o prefeito.
De acordo com Marquinhos do Dedé, na próxima terça-feira, ele encaminhará um projeto de lei ao legislativo propondo reajuste de 14,76% aos professores. “Vou pagar acima do piso”, garante. Caso a proposta seja confirmada, o valor pago aos docentes da cidade vai subir para R$ 3.848,30.
O tucano garante que não houve desvio de dinheiro da saúde e da educação. O orçamento prevê um valor para a festa de aniversário. “A cidade mais ganha do que perde”, garante o prefeito.
De acordo com o IBGE, apenas 12,7% dos moradores de Vicentina estão ocupados. A maioria não tem emprego no município. O prefeito garante que está executando um pacote milionário de obras e não houve perda com a contratação dos shows nacionais.
Além de Vicentina e Jateí, o Governo do Estado prevê, até o momento, o gasto de R$ 6,1 milhões com a contratação sem licitação de cantores sertanejos. A campeã será a dupla Jads e Jadson, contemplada com R$ 1,320 milhão, seguida por Munhoz e Mariano, com R$ 750 mil.