A direção do União Brasil em Mato Grosso do Sul avalia que o procurador de Justiça, Sérgio Harfouche (Avante) corre risco de ter a candidatura barrada pela segunda vez e o aconselhou a se aposentar do Ministério Público Estadual para disputar o Senado nas eleições deste ano. No entanto, o candidato resiste à ideia e vem se preparando para enfrentar uma batalha nos tribunais.
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Há dois anos, o Tribunal Regional Eleitoral, pelo placar de 5 a 1, rejeitou recurso e manteve o indeferimento da candidatura a prefeito de Campo Grande do promotor. Em 2018, a corte, por unanimidade, havia dando aval para o procurador disputar o cargo de senador da República.
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Mesmo diante do risco, Harfouche tem insistido em correr o risco e acredita que a Justiça Eleitoral deverá desempatar a seu favor. Pela legislação brasileira, juízes só podem ser candidatos se renunciarem ao cargo, como fez Sergio Moro, ou se aposentarem. A polêmica resiste no fato se os promotores e procures devem seguir a mesma regra.
O Jacaré conversou com três fontes do União Brasil, que confirmaram a conversa com o procurador. Uma chegou a afirmar que houve um ultimato, ou Harfouche se aposenta ou não fará parte da chapa majoritária da candidata a governadora, Rose Modesto (União Brasil). O grupo teme o desgaste de uma briga judicial.
Uma terceira fonte disse que não houve ultimato, mas um aconselhamento para o procurador seguir o recomendado pela legislação eleitoral e evitar o desgaste de ter os votos anulados. Com 30 ano atuando no MPE, Sérgio Harfouche tem os requisitos para se aposentar.
A cúpula não descarta a possibilidade de ter dois candidatos a senador, mesmo com apenas uma vaga em disputa. Além de Harfouche, que concorreria pelo Avante, a União Brasil poderia lançar a candidatura do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), que tem se mostrado competitivo em pesquisas internas.
O presidente do Avante, Lúcio Soares, negou qualquer tipo de pressão por parte do União Brasil para o procurador se aposentar. “Essa questão é pessoal, ele já está descompatibilizado do cargo, o que por si só, garante a disputa, ele sendo eleito, aí sim vai poder decidir se aposenta (obs. Já tem direito) ou vai para briga na justiça, para manter sua função”, explicou o dirigente.
“Que até a disputa a Prefeitura em 2020 estava pacificada a decisão, coube a este Tribunal uma decisão política em uma matéria jurídica, infelizmente, mas mesmo assim não unânime, como a de 2018, sendo eleito, vai para outra instância”, explicou.
“Não posso falar por ele, mas sei que ele não é um cara de desistir fácil, e já provou isso, no decorrer da sua carreira, respondendo por 18 sindicâncias, se é direito, tenho a impressão que ele vá até o fim”, frisou Soares.
Harfouche teve problemas ao enfrentar Marquinhos Trad (PSD), que acabou vencendo as eleições municipais de 2020 no primeiro turno. Agora, o procurador vai enfrentar a ex-ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina (PP), que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além dele e Tereza, a disputa pelo Senado conta com os seguintes pré-candidatos: juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PSD), o advogado e professor da UFGD, Tiago Botelho (PT) e um nome do MDB, que pode ser a senadora Simone Tebet, o ex-prefeito de Costa, Waldeli dos Santos Rosa e o ex-ministro chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun.