Único município de Mato Grosso do Sul administrado pelo PSOL, Ribas do Rio Pardo, a 100 quilômetros de Campo Grande, vai investimento de R$ 14,7 bilhões da Suzano. O grupo vai construir a fábrica de celulose com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas por ano e gerar 3 mil empregos diretos e indiretos. O empreendimento vai dobrar o número de trabalhadores, de 3,7 mil para 6,7 mil, e a receita da prefeitura, de R$ 120 milhões para R$ 250 milhões por ano.
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Além de transformar a “capital do boi”, o investimento deve causar aumento de 35% na população local, de 24.966, conforme o IBGE, para até 34 mil pessoas. A arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) deverá quadruplicar, de R$ 40 milhões para R$ 160 milhões.
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O investimento foi aprovado pelo Conselho de Administração da Suzano e confirmado por meio de comunicado ao mercado financeiro nesta quarta-feira (12). O prefeito João Alfredo Danieze classificou o dia como “histórico” para Ribas do Rio Pardo. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) o classificou como o maior investimento privado do Brasil nos próximos três anos.
Mais eficiente e ecologicamente correta, a fábrica de Ribas faz parte do Projeto Cerrado da Suzano. A unidade vai produzir 180 MW médio de energia elétrica e não vai utilizar combustível fóssil.
“A implantação da Suzano em Ribas do Rio Pardo vai transformar a região. A nossa 4ª indústria de celulose no Estado, além de gerar milhares de empregos no período de obra e quando estiver concluída, é o modelo de empreendimento sustentável que estamos fomentando para o nosso Estado, seguindo o conceito de indústria 4.0, com autossuficiência em energia limpa e outras práticas de ESG”, previu o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.
A construção da indústria contará com 10 mil operários, que equivale a 40% da população do município. Além dos benefícios econômicos, o empreendimento terá impacto na vida dos moradores da cidade. Para não repetir os problemas de violência e sociais enfrentados por Três Lagoas, o prefeito já solicitou apoio ao Governo do Estado, como ampliação no efetivo das polícias Civil e Militar em Ribas do Rio Pardo.
João Alfredo planeja triplicar o número de leitos no hospital municipal, de 25 para 100 vagas, e dobrar o número de postos de saúde, de seis para 12. Como o número de habitantes deverá passar dos atuais 25 mil para 32 mil a 34 mil, a prefeitura prevê construir mais oito escolas e quatro centros de educação infantil. O prefeito também cogita construir 2 mil casas para atender a demanda.
A Suzano já iniciou os serviços de terraplanagem, que deverá durar de seis a oito meses, conforme previsão do chefe do Poder Executivo. A construção da fábrica deverá começar no início de 2022. No comunicado ao mercado, o grupo prevê o início das operações da nova linha de produção para o primeiro trimestre de 2024.
A construção da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo foi idealizada pelo empresário Mário Celso Lopes, atualmente prefeito de Andradina (SP) pelo PSDB. Ele foi sócio dos irmãos Batista, da JBS, na construção da Eldorado Celulose, em Três Lagoas. Os sócios brigaram e Lopes deixou a sociedade.
Apesar de contar com a cláusula proibindo atuar no ramo de celulose, Lopes criou uma empresa e lançou a construção da indústria de celulose em Ribas do Rio Pardo, a pouco mais 230 quilômetros de Três Lagos. O projeto foi anunciado no final de 2014 pelo governador André Puccinelli (MDB). A Eldorado ingressou com ação na Justiça para barrar o empreendimento.
A Suzano acabou assumindo a construção da fábrica de celulose. Mário Celso elegeu-se prefeito de Andradina, onde encabeça outro projeto ambicioso, a construção do maior parque aquático do Brasil, para disputar os turistas com Olímpia, também no interior de São Paulo. “É um visionário”, elogia João Alfredo.
A chegada da fábrica vai deixar no passado o apelido de Ribas de “capital do boi”. Com extensão territorial de 17.315 quilômetros quadrados, o município chegou a ostentar o título de maior produtor de gado do Brasil. Nos últimos anos, a pecuária perdeu espaço para a soja e o eucalipto.
A cidade inicia a era da industrialização. Além da fábrica de celulose, indústria química deve criar 650 empregos na construção e 90 na operação, conforme o prefeito. Além dos 3 mil empregos previstos pela Suzano, João Alfredo estima que serão gerados mais 2 mil empregos por outras empresas.
Em pouco tempo, Ribas do Rio Pardo passará da condição de não saber como arrumar emprego para atender 3 mil desempregados para a condição de importadora de mão de obra.