O deputado estadual Jamilson Lopes Name (sem partido) e o empresário Alexandre Souza Donatoni, o Xiru, investigado na Operação Motor de Lama, denominação da 7ª fase da Lama Asfáltica, responderam por 56% das doações feitas ao vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB). O socialista é o favorito para ser eleito presidente da Câmara Municipal de Campo Grande.
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De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, Carlão teve doação de R$ 177.990.75 nas eleições deste ano. Reeleito com 4.836 votos, ele foi um dos 11 vereadores reeleitos e é o atual primeiro-secretário do legislativo municipal. Jamilson Name doou R$ 50 mil para Carlão. O outro vereador eleito com o apoio do deputado foi Dr. Jamal Salem (MDB), que também recebeu R$ 50 mil.
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Jamilson foi um dos alvos da Operação Arca de Noé, denominação da 6ª fase da Omertà, deflagrada no início deste mês. Conforme a investigação, o parlamentar não é investigado. No entanto, o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), ele comanda a Pantanal Cap, que estaria sendo usada para lavar o dinheiro do jogo do bicho na Capital.
A jogatina é comandada pelo pai, Jamil Name, e irmão do parlamentar, Jamil Name Filho. Eles estão presos desde 27 de setembro do ano passado. Jamilson tem enfatizado que não há nenhuma irregularidade na comercialização do título de capitalização, que tem autorização do Governo federal e até destina parte dos recursos para a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).
Outros R$ 50 mil foram doados por Donatoni, genro do empresário Ivanildo da Cunha Miranda, delator na Operação Lama Asfáltica. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra Xiru. A Justiça decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal, conforme despacho do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal.
Ele é acusado de receber somas vultuosas do empresário Antônio Celso Cortez, o Toninho Cortez, outro investigado na Lama Asfáltica e na Vostok. Ele também chegou a ser sócio da empresa de informática do empresário, a PSG Tecnologia Aplicada.
O empresário Carlos Clementino Moreira Filho, da Engepar Engenharia, doou R$ 50 mil. A empresa tem contratos milionários com o município e foi responsável pela revitalização da Rua 14 de Julho.
Com a desistência do atual presidente, João Rocha (PSDB), de disputar a reeleição, Carlão praticamente se tornou consenso e se tornou o favorito a comandar o legislativo municipal a partir de fevereiro, conforme o Midiamax.
“Estamos trabalhando para a unificação do grupo. O João Rocha desistiu e nós estamos juntos, vamos agregar o pessoal do PSDB e Podemos e fazer a união da Câmara, fazer chapa única. Não podemos entrar divididos”, afirmou.
Carlão é um dos réus por improbidade e corrupção passiva na Operação Coffee Break, como ficou conhecido o escândalo sobre a cassação do prefeito Alcides Bernal (Progressistas) em março de 2014. O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, suspendeu a audiência de instrução e julgamento por causa da pandemia.
A eleição de Carlão mostra que a renovação do legislativo, com a troca de 18 dos 29 vereadores, não terá muito reflexo nos valores atuais da política brasileira. Teve muito candidato fazendo discurso duro contra a corrupção, mas que depois de eleito, passou a seguir o exemplo dos derrotados.