Vaias marcaram a participação do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) na inauguração da Estação Radar pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na manhã desta terça-feira (18) em Corumbá, a 420 quilômetros de Campo Grande. O tucano também elogiou a Operação Hórus, programa desenvolvimento em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que o Estado cogitou abandonar a partir de setembro.
[adrotate group=”3″]
A situação se mostrou ainda mais constrangedora porque as vaias ocorreram na cidade administrada pelo prefeito Marcelo Iunes (PSDB). Apesar da pandemia do coronavírus, que já causou a morte de 657 pessoas em Mato Grosso do Sul e está fora de controle em Corumbá, houve aglomeração no evento.
Veja mais:
Bolsonaro inaugura radar para acabar com pontos cegos no combate ao crime na fronteira
Mandetta culpa Bolsonaro pelas 100 mil mortes causadas pela pandemia no Brasil
Em meio à pandemia, Mandetta cai e Bolsonaro sobe em pesquisa sobre eleições de 2022
Na primeira visita ao Estado, Bolsonaro inaugurou o radar, que teve investimento de R$ 127 milhões e irá fiscalizar o espaço aéreo na fronteira com a Bolívia e o Paraguai com objetivo de combater voos clandestinos. A obra foi idealizada na gestão do antecessor, Michel Temer (MDB), e a empresa contratada em novembro de 2018.
Ao ser anunciado no evento, realizado no Aeroporto de Corumbá, o tucano foi recebido por uma sonora vaia. Indiciado por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro pela Polícia Federal na Operação Vostok, o governador ouviu os gritos de “fora, fora, fora”.
Após o discurso de boas vinda, Reinaldo disse que faria dois pedidos ao presidente da República. O primeiro foi a relicitação emergencial da ferrovia da Malha Oeste, que está sucateada e praticamente paralisada em Mato Grosso do Sul. Ele destacou que a linha férrea será fundamental para a integração da América do Sul ao interligar o Brasil aos portos chilenos, passando pela Bolívia.
O governador elogiou a Operação Hórus, realizada desde maio do ano passado em parceria entre os governos estadual e federal. De acordo com o tucano, graças a integração das polícias militar, civil, federal e rodoviária federal, a apreensão de drogas bateu recorde histórico neste ano em Mato Grosso do Sul. Até o momento, conforme Reinaldo, foram apreendidos 467 toneladas.
O governador pediu para que o presidente continue protegendo a fronteira sul-mato-grossense, porque ele acaba protegendo o Brasil.
O elogio ocorreu uma semana após a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública ameaçar deixar a Operação Hórus. Em ofício encaminhado aos órgãos de segurança pública, o secretário-adjunto de Segurança Pública, coronel Ary Carlos Barbosa, alegou queda no repasse do Fundo Nacional de Segurança Pública, que teria caído de 5,24% para 3,5%.
O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, delegado Antônio Carlos Videira, confirmou a queda de R$ 13,5 milhões no repasse. “Que em razão da mudança de critério, onde a fronteira não está mais entre as prioridades da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), INFORMO os senhores gestores, até decisão em contrário, que está SUSPENSA A DESIGNAÇÃO de servidores para apoiar a Operação Horus, para o mês de setembro de 2020 em diante”, tinha afirmado Barbosa.
Ao ouvir os números de Reinaldo, Bolsonaro aproveitou os dados para alfinetar o ex-ministro de Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que pediu demissão após o presidente interferir na Polícia Federal.
“Tivemos um recorde na apreensão de drogas de maio para cá”, ressaltou Bolsonaro, fazendo alusão ao período em que o ministério deixou de ser comandado pelo ex-juiz, que agora se transformou em seu adversário.