Nos primeiros seis dias deste mês, houve aumento de 175% no número de mortes e de 60% nas internações pela covid-19 em Campo Grande. A aceleração do contágio no município acendeu o sinal de alerta nas autoridades e o grupo de assessores recomenda a restrição das atividades de entretenimento e antecipação do início do toque de recolher para as 22h.
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Em boletim divulgado nesta segunda-feira (6), a Secretaria Estadual de Saúde confirmou mais cinco óbitos no Estado, com o número de mortes pelo coronavírus saltando de 17 para 22, e 164 casos positivos, chegando a 10.254. Foram duas mortes em Dourados e uma em Campo Grande, Corumbá e Três Lagoas.
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Campo Grande vem se transformando no novo epicentro da doença. O aumento de 41% no número de casos, de 2.241, no final de junho, para 3.164 hoje (6), não preocupa tanto as autoridades. Este crescimento é atribuído a maior testagem da população, em vigor desde 15 de maio deste ano.
No entanto, os dois polos para testes rápidos não estão dando conta da demanda na Capital. O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirmou que está sendo procurado um novo local para a coleta de exames no município. Há caso em que a pessoa, mesmo apresentando os sintomas, só conseguiu agendar o exame em 15 dias na cidade.
No entanto, a preocupação está no aumento de 175% no número de mortes, de 8 para 22 em seis dias. A última morte foi confirmada hoje, de um homem de 54 anos, com diabetes, ocorrida no sábado (4). Ele morreu dois dias após o caso ser notificado à Secretaria Municipal de Saúde.
Outro fator preocupante é o aumento de 60% nas internações, de 76 para 122. Em Campo Grande, 38 pacientes com covid-19 estão internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O temor da Secretaria Estadual de Saúde é o colapso no sistema, já que 75% dos leitos em UTI estão ocupados na cidade.
O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, referência no combate à doença, alertou que está com 84% dos leitos de UTI ocupados. Das 83 vagas, apenas 13 estava disponíveis hoje.
Conforme relatório do grupo de trabalho de apoio ao Comitê de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, as medidas adotadas em março conseguiram achatar a curva de transmissão e manter a situação sob controle até o início de junho. Não houve explosão no número de casos após a reabertura do comércio e das academias, respectivamente, nos dias 3 e 17 de abril deste ano.
No entanto, a situação começou a mudar com a retomada das atividades de entretenimento, com a reabertura de bares, lanchonetes e similares. O impulso ocorreu com a autorização para apresentações musicais em dupla no dia 12 do mês passado.
“Em suma, embora haja fortes indícios de que o aumento das aglomerações envolvendo apresentações artísticas possa ter sido foco do aumento de casos da Covid-19 na cidade, deve-se considerar como esta atividade pode afetar as demais nos próximos dias. Dado o fato de que o Município se encontra atualmente em crescimento exponencial do número de casos, pessoas contaminadas e que não apresentam sintomas e/ou que não respeitam o devido isolamento passam a disseminar a doença em outros setores. Assim, a primeira atividade (entretenimento) deve ser analisada em um contexto geral”, conclui o secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Luís Eduardo Costa.
“O que se observou nas fiscalizações efetuadas nestes locais foi que muitos dos estabelecimentos não respeitam os limites de lotação, as pessoas não respeitam o distanciamento mínimo de 1,5m entre si e, por conta do consumo de alimentos e bebidas, não usam máscaras. Tais fatores são agravados pelo fato de que as pessoas sob o efeito de bebidas alcoólicas e sob a crença de que somente as pessoas do grupo de risco podem ser acometidas de manifestações graves da doença, não se preocupem com os cuidados a serem observados. Ainda, o tempo de exposição e contato entre elas é superior quando se busca o entretenimento”, afirmou.
A liberação das apresentações musicais, conforme os técnicos, deu a sensação falsa de segurança e de volta à normalidade em meio à pandemia da covid-19.
Para frear a transmissão do coronavírus em Campo Grande, o grupo recomendou a imediata suspensão das apresentações musicais e antecipação do toque de recolher das 23h para as 22h.
Além disso, sugere para o prefeito Marquinhos Trad (PSD) voltar a analisar a recomendação para restringir a 30% a ocupação de igrejas, academias, restaurantes e estabelecimentos comerciais na Capital. Além de intensificar ainda mais a fiscalização realizada pela Semadur e pela Guarda Civil Metropolitana.
Caso a situação continue fora de controle, o grupo sugere o lockdown por duas semanas, medida descartada, a princípio, pelo prefeito da Capital.