O estudante Melquisedeque Santa’ana, 23 anos, de Campo Grande, foi bancado pelo Governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para participar do protesto do grupo extremista “300 pelo Brasil” em Brasília (DF). A informação é do colunista Guilherme Amado, da revista Época. Bolsista da Secretaria Nacional de Juventude, ele teria recebido diária para participar das manifestações contra o Supremo Tribunal Federal.
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O grupo radical liderado por Sara Geromini, conhecida como Sara Winter, entrou na mira da suprema corte em inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes. O ápice da suposto apologia ao fascismo ocorreu quando o grupo marchou com tochas à noite em ato contra o STF, do qual teve a participação do campo-grandense.
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O problema é que o universitário, que frequenta o curso Gestão Pública em uma universidade particular, ganha R$ 1,2 mil por mês como bolsista do Sinajuve (Sistema Nacional de Juventude) por meio do Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia. Para ir a Brasília, ele recebe diária.
De acordo com a revista, em fevereiro, quando ficou 11 dias na capital federal para participar da Jornada Nacional da Juventude, ele recebeu R$ 2,7 mil em diárias. O valor pago no mês passado ainda não foi disponibilizado no Portal da Transparência da União.
Pré-candidato a vereador de Campo Grande pelo Republicanos, partido criado pela Igreja Universal do Reino de Deus, ele confirmou a participação no protesto. “Estive sim na manifestação das tochas no Supremo, junto com os 300 e a Sara. Não foi nada nazista como o pessoal falou. Não foi para confrontar, mas para mostrar nosso luto pelo País”, comentou.
“Até onde eu sei, não sou alvo do STF. O processo corre em segredo judicial. A gente não sabe, né?”, garantiu, em entrevista à Época. No entanto, o jovem foi a Brasília para participar do Sistema Nacional da Juventude. Sara foi presa em seguida por determinação de Alexandre de Moraes.
Ele confirmou também que esteve na famosa chácara, que estaria sendo usada como base dos 300. “A chácara não tinha nada demais, era só um local para o pessoal tomar banho. Estive lá uma vez. Eu dava apoio mais no acampamento em frente ao Ministério da Agricultura”, confirmou o jovem.
Ao ser questionado pela revista sobre o conflito de interesse, de receber dinheiro público para participar de protestos, ele rechaçou a suspeita. No entanto, Melquisedeque irá se afastar do serviço para fazer campanha nas eleições deste ano.
Ele defende o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e xinga o governador Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, que desmontou o acampamento do grupo extremista na esplanada dos ministérios.
A Secretaria Nacional de Juventude informou que a bolsa ao campo-grandense ocorreu dentro da regularidade e atendeu critérios técnicos. Não houve manifestação sobre o valor pago para o estudante ficar em Brasília e participar das manifestações antidemocráticas. O Instituto informou que só avalia a entrega das atividades dentro do prazo.
O curioso é que repete o discurso de nova política, mas depende de recurso público, pago pelos brasileiros por meio de impostos. Tirando os novos personagens, os costumes se repetem e a conta continua sendo paga, como sempre, pelo pobre contribuinte.