A obra inacabada do Aquário do Pantanal, um dos alvos da Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica, é destaque em duas exposições sobre os 40 anos de carreira do arquiteto Ruy Othake em São Paulo. Na sexta-feira passada, o Tribunal de Justiça suspendeu o bloqueio dos bens do renomado profissional em ação por improbidade administrativa que aponta superfaturamento de R$ 10,6 milhões no empreendimento.
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Idealizado pelo ex-governador André Puccinelli (MDB) para ser obra emblemática e presente para Campo Grande, o Instituto de Pesquisas da Ictiofauna Pantaneira já custou três vezes o valor previsto – passando de R$ 84 milhões para R$ 230 milhões. Agora se transformou no monumento da corrupção e de vergonha nacional.
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Apesar de virar réu por improbidade administrativa por integrar a proposta de construir o maior aquário de água doce do mundo, o arquiteto Ruy Ohtake incluiu o projeto nas duas exposições.
A mostra “Ruy Ohtake: O design da Forma” começou ontem e vai até o dia 14 de abril deste ano no Instituto Tomie Ohtake. A exposição “Ruy Othake: A produção do espaço” acontece de hoje até o dia 19 de maio no Museu da Casa Brasileira.
As mostras fazem uma panorama da obra do arquiteto desde recém-formado até os projetos atuais. Enquanto o Museu da Casa Brasileira exibe cerca de 40 projetos construídos ou em construção, com curadoria de Agnaldo Farias, o Instituto Tomie Ohtake traz a sua produção como designer, por meio de aproximadamente 25 peças selecionadas pelos curadores Fábio Magalhães, Marili Brandão e Priscyla Gomes.
O Aquário do Pantanal surge ao lado de outras edificações que mudaram a paisagem urbana, como o Hotel Unique e o Complexo Aché Cultural, em São Paulo; a embaixada do Brasil em Tóquio e o Alvorada Hotel, em Brasília.
“O pensamento espacial de Ruy Ohtake traduz-se em sua arquitetura singular, produção que encara as dificuldades do país e que luta por melhorá-lo não só por meio de respostas técnicas, mas pela beleza que alivia o olho e alimenta a imaginação”, explicou o curador, Agnaldo Farias.
Ohtake acabou envolvido na ação de improbidade no caso envolvendo a cenografia e as obras de suporte à vida, que foram executadas pela Fluidra Brasil. O Ministério Público Estadual apontou superfaturamento, direcionamento e desvio de recursos.
No entanto, o Ministério Público Estadual recorreu contra o arquivamento e o Superior Tribunal de Justiça determinou a inclusão de Ruy Ohtake como réu na ação por improbidade administrativa. O juiz acatou o pedido e ainda determinou o bloqueio de R$ 10,789 milhões.
Na sexta-feira, o desembargador Marcos José de Brito Rodrigues, acatou pedido do arquiteto e suspendeu o bloqueio.
Além da ação por improbidade, o Aquário é investigado pela PF na Operação Lama Asfáltica. Dois envolvidos nas irregularidades, o ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, e o empresário João Amorim, estão presos desde 8 de maio do ano passado.
O ex-governador André Puccinelli ficou preso cinco meses e só se livrou da terceira denúncia, porque o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, rejeitou a ação penal. O magistrado determinou que o Ministério Público Federal a desmembre em quatro processos, mas o procurador pede que a divisão seja feita pelo juízo.