Mato Grosso do Sul começa a dar os primeiros passos para acabar com a fama de terra da impunidade de corruptos. Sete anos após a denúncia, a ex-secretária municipal de Rio Brilhante, Rosélia Machado da Silva foi presa e encaminhada ao presídio para dar início ao cumprimento da pena de oito anos e quatro meses por peculato.
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Espera-se que ela puxe a fila. Nesta semana, o Ministério Público Federal comemorou a condenação da ex-consultora ténica do Ministério da Saúde, Roberlayne Patrícia Alves, a cinco anos de reclusão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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Há quatro anos, em 16 de junho de 2014, ela ficou famosa com a exibição do vídeo em que pedia R$ 100 mil para liberar dinheiro para o Hospital do Câncer. Pasmem, a mulher fez a maracutaia no ano seguinte à Operação Sangue Frio, que desvendou a atuação de suposta máfia do câncer no Estado.
Conforme a denúncia do MPF, Roberlayne pediu R$ 150 mil de propina para liberar R$ 4,6 milhões para a compra de equipamento destinado ao tratamento do câncer. O ex-namorado, Pedro Paulo Prince dos Santos, foi absolvido. Condenada em primeira instância, ela poderá recorrer em liberdade.
Neste ano, quatro anos depois, a procuradoria regional da República ingressou com ação de improbidade administrativa contra a ex-consultora do ministério.
A morosidade da Justiça sul-mato-grossense ainda não mudou, para desencanto de parte da sociedade que clama por um magistrado ágil e implacável como Sérgio Moro.
No entanto, a impunidade vem sofrendo alguns golpes. O caso de Rosélia é emblemático, porque ela e o microempresário Alex Arantes Franco, foram condenados por desviar R$ 725,5 mil da educação e da previdência social de Rio Brilhante.
Funcionária de carreira do município desde 1985, ela foi funcionária de confiança na gestão do tucano Donato Lopes da Silva a partir de 2005. Em depoimento à Justiça, o então prefeito confirmou que suspeitou da evolução patrimonial da funcionária, que passou a comprar carro, joias e gado.
Em valores atualizados, Alex e a parceira desviaram R$ 1,9 milhão da prefeitura. Denunciados por peculato, apropriação indébita de contribuição previdenciária e estelionato, eles foram condenados a oito anos e quatro meses por peculato.
Em 2de abril deste ano, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou recurso para rever a sentença e abriu a porteira da prisão para os acusados por crimes de corrupção no Estado. Rosélia foi presa e encaminhada para o presídio em maio, conforme os sites da região.
O relatório do desembargador Carlos Eduardo Contar, que teve o aval de outros dois magistrados, Ruy Celso e Luiz Gonzaga Mendes Marques, pôs fim à impunidade dos crimes de corrupção no Estado.
Condenado a oito anos e quatro meses por corrupção, o ex-prefeito Gilmar Olarte segue solto, apesar da sentença ter sido de segunda instância.
Outro que foi condenado por peculato é o ex-prefeito de Selvíria, José Dodo da Rocha. Entre 1º de janeiro de 2005 e julho de 2011, ele recebeu o salário de prefeito e, mesmo sem trabalhar, o de investigador da Polícia Civil. Em depoimento, ele alegou que não sabia que era proibido.
Conforme sentença do dia 15 de maio deste ano, do juiz Ronaldo Gonçalves Onofri, da 2ª Vara Criminal de Três Lagoas, Rocha vai cumprir três anos e quatro meses em regime aberto e ainda ter os direitos políticos suspensos no período. Ele poderá recorrer da sentença, que saiu quase cinco anos após a denúncia.
Ao contrário das sentenças da Lava Jato, que saem no mesmo ritmo do nome, os processos demoram para ser concluídos em Mato Grosso do Sul.
A prisão dos poderosos Edson Giroto e João Amorim, detidos desde o dia 8 do mês passado, já sinalizou a esperança de que as coisas começam a mudar no Estado.
Os escândalos de corrupção se sucedem, mas sem nenhuma sentença, como são os casos revelados pelas operações Bola de Fogo, Sangue Frio, Again, Lama Asfáltica, …
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