Na esperança de reduzir o desgaste provocado pela polêmica taxa do lixo, criada com o apoio de 25 vereadores, pela buraqueira que não sai das ruas e pelo trabalho do primeiro escalão, fraco, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) vem fazendo um périplo pelos veículos de comunicação para anunciar boas notícias. No entanto, a principal aposta é o Reviva Centro, programa quase eterno, idealizado há 20 anos, na gestão de Juvêncio César da Fonseca (PMDB), que prevê a repaginada na Rua 14 de Julho, o coração do comércio.
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Com investimento de US$ 56 milhões, o projeto ainda nem foi licitado. Em entrevista ao Campo Grande News, o prefeito previu o início das obras em abril deste ano. No entanto, o edital de licitação será lançado em fevereiro.
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A equipe de licitação da prefeitura, comandada pelo diretor da Central de Compras, Ralphe da Cunha Nogueira, com salário superior ao pago a um secretário, não tem conseguido agilizar os processos. Todas as licitações importantes sofreram atraso.
A operação tapa-buracos é exemplo clássico. Prevista para o primeiro semestre do ano passado, a contratação das empresas só ocorreu no final de 2017 devido às irregularidades detectadas na época. O Tribunal de Contas do Estado suspendeu o processo por dois meses, reduziu o valor e só permitiu a conclusão após as adequações.
O resultado pode ser visto pela população nas ruas e avenidas da Capital, tomadas por buracos, apesar da promessa de Marquinhos, em 1º de janeiro do ano passado, de acabar com o problema em 90 dias. Nem o gasto de R$ 24,3 milhões com empresas contratadas sem licitação resolveu o problema.
Se havia um ignorante, o Jornal Nacional, principal telejornal da TV Globo, abordou o problema na noite de ontem. Conforme o telejornal, 70% das vias públicas da Capital apresentam problemas. Até o borracheiro, que lucra com a buraqueira, apareceu como vítima desta tragédia urbana.
Outra polêmica segue a pleno vapor: a taxa do lixo. Marquinhos defendeu a cobrança da contribuição, que teve aumento de até 504% em relação a anterior, até o último instante. Diante do grande desgaste, ele decidiu recuar e anunciou, em nota, a revogação da taxa do lixo.
Para se livrar do apelido “Marquinhos Taxa”, o chefe do Executivo vem se esforçando nos meios de comunicação aliados para convencer a população de que não criou um novo tributo, não aumentou a taxa de forma abusiva e é vítima de “falsa premissa nas redes sociais e de alguns sites” (Campo Grande News).
Ao Midiamax contou que não houve valor abusivo e citou todas as categorias criadas. Se não foi criada uma nova taxa, não houve aumento, por que Marquinhos revogou a taxa? Só o cidadão prestar atenção no que disse o prefeito, inclusive em seus “jornais de estimação”, para chegar a conclusão sobre o episódio.
O pior de tudo é que as trapalhadas continuam. Inicialmente, o projeto definindo o novo valor da taxa seria enviado me fevereiro à Câmara. Depois ficou para março e, segundo a última versão de Marquinhos, a cobrança começa em abril.
A prorrogação da polêmica taxa do lixo, considerada um “lapso” pelo próprio prefeito, corre o risco de chegar até às eleições.
A outra aposta é a revitalização da Avenida Ernesto Geisel, que teve o projeto reduzido pela metade. A obra está com dinheiro e licitada, mas não começa. Talvez seja o período das chuvas, mas a prefeitura falha na comunicação com a população para explicar o atraso no empreendimento, previsto desde 2012.
As licitações para reativar os radares da Perkons e modernizar a sinalização semafórica seguem travadas na Central de Compras.
Marquinhos prometeu melhorar o transporte coletivo, mas não só manteve a mesma situação, como autorizou o reajuste na tarifa.
De ponto positivo, só o fim da tarifa mínima na conta de água, mas que ainda depende do aval da Justiça. A partir deste ano, a conta mínima caiu 50% e, a partir de 2019, o usuário só pagará pela água que consumir.
A situação do prefeito é crítica, que nem os aliados aguentam mais ficar calado. O dono do Correio do Estado, Antônio João Hugo Rodrigues, que é filiado ao mesmo partido do prefeito, desabafou no Facebook. “Que triste Marcos Trad. Fui um dos que se esforçaram muito na sua eleição. Confiei.Aliás, maior parte dos campo-grandenses também confiaram.Muito. Mas que decepção. Em um ano, nenhum projeto significativo ou que mereça alguma atenção. Ou elogios.”, comentou o empresário.
Marquinhos tem tempo para dar a volta por cima – três anos de mandato. No entanto, quando procura encontrar culpados para os seus erros, ele persiste no caminho errado.
No desespero, ele não citou nomes, mas atacou até o irmão, Nelsinho Trad (PTB), que está os bens bloqueados em ações por improbidade administrativa.
“Veja uma licitação nossa que recebeu a chancela da ilegalidade. Não tenho bens bloqueados pela Justiça e nem nomeei parentes na Omep e na Seleta”, afirma Marquinhos.
Só para concluir, além de Nelsinho, ele mencionou, sem citar nomes, os antecessores Alcides Bernal (PP) e Gilmar Olarte (sem partido), que também tiveram R$ 16 milhões bloqueados em ação que aponta irregularidades na contratação de funcionários por meio da Seleta e da Omep.
Agora, a população dirá se o ataque funcionou como melhor defesa do prefeito.
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