O pecuarista e empresário Ivanildo da Cunha Miranda é oficialmente o primeiro delator dos esquemas de corrupção em Mato Grosso do Sul. Elo entre os três últimos governos estaduais e para não ser preso, ele procurou a Polícia Federal para entregar o esquema do ex-governador André Puccinelli (PMDB), que teve a prisão preventiva decretada na Operação Papiros de Lama, a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, desencadeada nesta terça-feira pela Polícia Federal, Receita Federal e CGU (Controladoria Geral da União).
Ivanildo admitiu que recebeu propina paga pela JBS ao ex-governador entre 2006 e 2013, período em que foi operador financeiro do peemedebista. Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, os donos da empresa apontaram o pagamento de R$ 112 milhões em propinas para Puccinelli.
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De acordo com o delegado Cléo Mazzatti, da PF, Ivanildo se comprometeu a devolver parte do dinheiro recebido indevidamente. O empresário também poderá ser condenado a prisão, porque não condicionou o perdão judicial para fazer o acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lama Asfáltica.
Ele contou que trazia a propina para Puccinelli em mochilas e caixas com dinheiro. O valor era repassado diretamente ao peemedebista ou depositado nas contas indicadas por ele. De acordo com o delegado, como há recibo da propina, o empresário entregou planilhas dos pagamentos e outros documentos que corroboram a denúncia.
Os valores apontados coincidem com os detalhados em duas planilhas, a primeira foi apreendida no apartamento do ex-secretário adjunto de Fazenda, André Cance – que chegou a ser preso na Operação Máquinas de Lama. A segunda planilha foi entregue pela JBS.
Ivanildo contou que recebia uma porcentagem da propina paga ao ex-governador. Entre 2006 e 2010, ele recebia de R$ 60 mil a R$ 80 mil por cada viagem feita a São Paulo para buscar o dinheiro. Depois de 2010, o valor da mesada subiu para R$ 200 mil.
A delação de Ivanildo e os documentos apreendidos na 4ª fase fundamentaram a Operação Papiros de Lama, realizada hoje, que apura o desvio de R$ 85 milhões dos cofres públicos.
O juiz federal substituto da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Ney Gustavo Paes Andrade, acatou o pedido da Polícia Federal, o quarto desde o início da Lama Asfáltica, e decretou a prisão preventiva do ex-governador. Além dele, o seu filho, o advogado e professor universitário André Puccinelli Júnior, também teve a prisão preventiva decretada.
O dono do Instituto Ícone de Ensino Jurídico, João Paulo Calves, teve a prisão temporária decretada pela Justiça. A empresa é acusada de ser usada para lavar propina paga pela empresa Águas Guariroba, acusada de integrar o esquema criminoso. O outro preso temporariamente seria Jodascil Gonçalves Júnior.
O juiz determinou a condução coercitiva de Cance, do seu irmão, João Maurício Cance, do dono da Itel Informática, João Roberto Baird, o “Bill Gates Pantaneiro”, dono da Proteco, João Amorim, do dono da Gráfica Alvorada, Micherd Jafar Júnior, e Antônio Cortez
Delação de Ivanildo causa insônia
A delação premiada do empresário Ivanildo da Cunha Miranda causa insônia até nos adversários políticos do ex-governador André Puccinelli.
Depois de brigar com o ex-governador, em 2013, ele foi substituído pelo ex-secretário adjunt de Fazenda, André Cance.
Em 2014, Ivanildo foi o operador financeiro da campanha eleitoral de Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele informou à Polícia Federal, que a JBS repassou R$ 20 milhões em propinas nesta campanha, mas não está claro de quem foi esta propina.
Ivanildo teria iniciado a atuação nos bastidores na administração de Zeca do PT. ele chegou a ser um dos alvos de ação civil pública, ao lado do petista, contra a venda do porto de Porto Murtinho aos familiares de Zeca do PT.
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