COFFEE BREAK DOIS ANOS
O desembargador Sérgio Fernandes Martins, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, negou pedido de liminar para suspender a ação de improbidade administrativa contra o ex-vereador Edil Albuquerque (PTB). Réu na famosa Operação Coffee Break, que desvendou suposto golpe para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP), ele e mais 23 podem ser condenados a pagar indenização de R$ 25 milhões.
Conforme a denúncia feita pelo MPE (Ministério Público Estadual), Edil aceitou votar pela cassação em troca da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico) e da nomeação de mais 31 funcionários para cargos comissionados na prefeitura.
Político hábil e experiente, ele foi presidente da Câmara Municipal, vice-prefeito e titular da Sedesc de Nelsinho Trad. Aliás, ele continua fiel ao ex-prefeito e até mudou de partido junto, acompanhando-o na troca do PMDB pelo PTB.
A promotoria acusa Edil de ter participado de reuniões com Gilmar Olarte, na época vice-prefeito, e João Amorim, dono da Proteco e tesoureiro das campanhas de Nelsinho e André Puccinelli, para articular a cassação de Bernal.
O MPE cita trecho de gravação telefônica do então assessor de Olarte, Ronan Edson Feitosa, na qual ele destaca que o ex-vereador exigia a Sedesc.
Também foi anexada mensagem de texto do advogado Rodrigo Pimentel, filho do desembargador Sideni Soncine Pimentel e que assumiu a Secretaria Municipal de Governo na gestão de Olarte. “Bom dia. Estou com a relação dos nomes do Dr. Edil. São 31 nomes dos quais o Kako (Valtemir Alves Brito, secretário de Administração de Olarte) adianta que não tem cargos para todos”, disse.
O MPE cita mensagem do ex-vereador Flavio César (na época no PTdoB) para o colega: “cassação já”.
Para a promotoria, Edil se juntou aos demais colegas do legislativo para criar fatos para forçar a cassação de Bernal, que acabou ocorrendo na noite de 12 para 13 de março de 2014. Logo após a posse, Olarte nomeou Edil para comandar a Sedesc.
A defesa do vereador, feita pelo advogado Leonardo Avelino Duarte, contestou, de forma veemente, a acusação do MPE.
Ele cita o impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), para esclarecer que o movimento é político e não pode ser considerado ilegal.
Sobre a nomeação de Edil para comandar a Sedesc, a defesa destaca que foi reconhecimento pelo trabalho realizado na pasta na gestão de Nelsinho. Para corroborar com a tese, cita elogios feitos pelo então vereador, Paulo Pedra, um dos principais assessores de Bernal.
Já a nomeação de 31 cargos, Edil argumenta que foram nomeações “para o bem de Campo Grande”.
O desembargador Sérgio Martins negou o pedido para trancar a ação por improbidade administrativa.
A Coffee Break foi desencadeada em 25 de agosto de 2015 e completará dois anos neste ano. A partir de hoje, O Jacaré vai dar detalhes da apuração que levou ao maior escândalo político na história da Capital.
A denúncia envolve três ex-prefeitos, vereadores e empresários poderosos, como Amorim e João Roberto Baird, o “Bill Gates Pantaneiro”.