Preso desde o ano passado e tido como operador financeiro do PMDB, Lúcio Funaro corre contra o tempo para fechar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal). De acordo com o portal UOL, ele deve ser o segundo delator a citar o envolvimento do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, com corrupção.
Além do tucano, Funaro promete apresentar provas do envolvimento na corrupção em órgãos federais contra o ex-senador Delcídio do Amaral. A delação inclui o presidente da República, Michel Temer (PMDB), o ministro Moreira Franco, secretário de Governo e sogro do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, solto na sexta-feira pela Justiça Federal, o senador Romero Jucá (PMDB) e o ex-deputado federal Gabriel Chalita (PMDB).
Se conseguir fechar a colaboração premiada, Funaro será o segundo a acusar o governador sul-mato-grossense. Ele já foi citado pelos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, que o acusam de ter concedido incentivos fiscais para o grupo em troca de R$ 38,4 milhões em propinas.
De acordo com o UOL, Funaro vai citar o envolvimento de políticos no esquema de corrupção em outros órgãos federais, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Infraero, Ministério da Fazenda, fundos de pensão e o Fundo Garantidor de Crédito.
Na delação, que ainda está na fase de especulação, não há detalhes sobre as irregularidades cometidas por Reinaldo e Delcídio. O governador não se manifestou sobre a nova denúncia e o ex-petista não teria sido encontrado.
No entanto, é surpreendente que a delação do operador financeiro do PMDB cite Reinaldo Azambuja e não seu adversário no Estado, o ex-governador André Puccinelli. O peemedebista apoiou Cunha para presidir a Câmara dos Deputados e é amigo de Temer.
Se for confirmada, a nova delação vai complicar de vez a situação do tucano. Em decorrência da denúncia da JBS, ele é alvo de CPI na Assembleia Legislativa, de investigação no Superior Tribunal de Justiça e de ação popular para decretar a indisponibilidade dos bens.
O governador tucano será obrigado a rever a estratégia para continuar no cargo. Inicialmente, logo após a publicação da delação bombástica dos irmãos Batista, ele, considerado um dos governadores mais ricos do País com um patrimônio declarado de R$ 37,8 milhões, chegou a chorar durante entrevista coletiva.
Em seguida, ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal para anular a delação e salvar todos os 1.829 políticos. No entanto, teve o pedido de habeas corpus para suspender a denuncia negado pelo ministro Celso de Mello. Reinaldo também perdeu de goleada no plenário, ao ter o pedido para mudar o relator rejeitado por unanimidade.
Já para Delcídio será apenas mais uma delação. O ex-senador, que se tornou um delator, já foi citado na maioria das delações.
Ele é acusado de receber “mensalinho” de R$ 500 mil; propina de R$ 4 milhões pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos; uso de offshore na Suiça para pagar US$ 1 milhão da campanha ao Senado em 2002; propina de R$ 500 mil para relatar a MP sobre a “Guerra dos Portos”, só para citar alguns.
Como a fase de delações ainda parece longe do fim, o sul-mato-grossense ainda pode ter outras surpresas até as eleições de 2018.
Só para citar alguns dos encrencados com a Justiça que negociam colaboração premiada: o ex-bilionário Eike Batista, Eduardo Cunha, o ex-ministro Antônio Pallocci, e o dono da Gol, Henrique Constantino.