O procurador geral da República, Rodrigo Janot, ainda não solicitou a abertura de inquérito contra o ex-governador André Puccinelli (PMDB), pela suposta cobrança de propina de R$ 2,340 milhões à Odebrecht em 2010. Apesar de ser citado por dois delatores na Operação Lava Jato, o peemedebista pode sair ileso do caso e ainda se reabilitar politicamente para disputar o Governo em 2018.
Puccinelli tem visitado frequentemente o presidente Michel Temer (PMDB), que também foi poupado por Janot. O sul-mato-grossense não aparece em nenhuma lista até o momento, apesar do montante citado nas delações.
Apesar dele não ter foro privilegiado, a investigação deve passar pelo Supremo Tribunal Federal, onde as delações foram homologadas, para seguir para a primeira instância, que pode ser em Campo Grande ou Curitiba.
Conforme os ex-executivos da Odebrecht, João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão, André exigiu o pagamento de propina para quitar a dívida do Estado, no valor de R$ 23,4 milhões, com a empreiteira. Em troca, além de redução do valor de 70%, ele exigiu o “dízimo” para a sua campanha à reeleição em 2010.
O pagamento foi feito por meio de dois amigos de extrema confiança do ex-governador, o ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal Edson Giroto, e do empresário João Albert Krampe Amorim. Além dos R$ 2,3 milhões para Puccinelli, o ex-deputado cobrou R$ 300 mil para a sua campanha à reeleição de deputado federal.
Janot já pediu a abertura de inquéritos contra sul-mato-grossenses por valores menores. Ele pediu ao Supremo para investigar o deputado federal Vander Loubet (PT) por suposta cobrança de R$ 50 mil por meio de caixa dois.
O procurador-geral ainda pediu a abertura de inquérito contra o ex-governador e deputado federal Zeca do PT por ter pedido R$ 400 mil para a campanha a governador de Delcídio do Amaral em 2006.
O fiscal de rendas e funcionário do Tribunal de Contas, Fadel Tajher Iunes Júnior, é citado na lista do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, por ter integrado a comissão especial para definir o valor devido à Odebrecht, mas o valor supostamente pago ao funcionário não é revelado.
Como Giroto, Puccinelli e Amorim não foram citados, O Jacaré vem insistindo junto ao MPF (Ministério Público Federal) por que eles não são mencionados nas listas. Inicialmente, a assessoria argumentou que os processos poderiam estar em segredo de Justiça, já que a denúncia foi feita em março e a abertura dos inquéritos autorizada no dia 4 de abril por Fachin.
Ontem, por meio da assessoria de imprensa, Janot admitiu que ainda não pediu abertura de inquérito contra Puccinelli, Giroto e Amorim. “O Ministério Público Federal não antecipa atuação. Assim, não é possível dizer se haverá pedido de investigação contra as pessoas citadas”,informo o procurador geral da República.
Puccinelli aposta na sorte e até já colocou a campanha na rua. Além de sair ileso da Operação Lava Jato, apesar de ter sido delatado, ele conta com a camaradagem da Policia Federal, que conduz a Operação Lama Asfáltica, sem novidades desde o ano passado.
Entre os políticos, a perspectiva é de que o ex-governador dispute a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Mas ele também estuda um plano B, que seria disputar o Senado com o PMDB integrante a chapa tucana.
Na semana passada, num teste drive da campanha, o peemedebista foi praticamente ovacionado por eleitores durante visita ao Camelódromo.