
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul deflagrou a Operação Rota 443, nesta sexta-feira (11), para cumprir mandado de prisão preventiva e de busca e apreensão na casa de um hacker responsável por invadir o sistema educacional da Prefeitura de Campo Grande e divulgar dados sigilosos de milhares de alunos da rede pública municipal de ensino. O suspeito de cometer o crime foi preso no interior do estado de São Paulo.
A investigação é conduzida pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e apura o acesso não autorizado ao sistema EDUWEB, utilizado pela Secretaria Municipal de Educação da Capital para gerenciar informações escolares. O autor do crime teria extraído relatórios com dados como nome completo, endereço, escola e condição de saúde de crianças e adolescentes, passando a ameaçar a sua divulgação em redes sociais.
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Para comprovar que tinha as informações sigilosas, o hacker compartilhou links contendo os dados obtidos ilicitamente e vídeos nos stories do Instagram, na quinta-feira (10). A partir de cooperação com plataformas digitais e análise de registros técnicos, os policiais identificaram o uso de VPN internacional, e-mails anônimos e perfis falsos para dificultar o rastreamento do suspeito.
O secretário municipal de Educação, Lucas Bitencourt, garantiu nesta sexta-feira que os dados dos alunos da Rede Municipal de Ensino não foram vazados. “É um banco de dados da Educação, porém vinculado à Agetec. Foi possível termos essa tranquilidade de conseguir identificar a pessoa e fazer a apreensão dela. Com isso, os dados estão seguros, graças à atuação da Guarda e da Polícia”, declarou.
Lucas Bitencourt relatou que o hacker fez ameaça de que iria divulgar os dados obtidos ilegalmente. “Ele estava ameaçando vazar para ter esse trabalho, ameaçando internamente, fazendo pressão. É importante frisar aos pais que nenhum dado foi vazado. Já foi resolvido e estamos muito seguros”, afirmou.
No entanto, foi possível vincular parte das conexões a um endereço físico no interior de São Paulo, onde foi cumprido o mandado de prisão preventiva e de busca e apreensão , com apoio da Polícia Civil de São Paulo, por meio da Delegacia de Polícia de Itajobi.

O nome da operação, “Rota 443”, faz referência à porta de comunicação segura (HTTPS) utilizada em conexões criptografadas na internet, simbolizando o caminho virtual protegido e encoberto utilizado pelo autor para ocultar sua identidade.
Durante o cumprimento da medida cautelar, foram apreendidos equipamentos eletrônicos que passarão por perícia técnica especializada. O material poderá esclarecer a dinâmica do crime, identificar possíveis coautores e subsidiar a responsabilização penal.
A investigação segue em andamento, com compartilhamento técnico com o Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para análise de possíveis conexões com outras ações criminosas em curso no país.
O suspeito preso foi ouvido, confessou ter invadido o sistema da Prefeitura de Campo Grande e agora aguarda decisão judicial.