Advogado polêmico e com mandado de prisão preventiva da Justiça de São Paulo, Luiz Eduardo Auricchio Bottura, 48 anos, foi preso pela Interpol em um carro de luxo em uma cidade no interior da Itália. A mulher dele, Raquel Fernanda de Oliveira, foi presa em dezembro do ano passado em Mato Grosso do Sul.
Bottura foi autor de inúmeras ações na Justiça contra juízes e desembargadores. Em 2014, ele cogitou disputar o Governo de Mato Grosso do Sul. Quatro anos depois, em 2018, o advogado chegou a se lançar como pré-candidato a senador.
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De acordo com o jornal italiano Il Mattino, Bottura estava em um veículo Maserati GranCabrio, avaliado em R$ 750 mil, na cidade de Selvazzano, na região de Vêneto, na Itália. Ele estava na lista de procurados da Interpol. A prisão ocorreu no dia 4 deste mês e repercutiu no site Conjur.
Em novembro do ano passado, a juíza Juliana Trajano de Freitas Barão, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, decretou a prisão preventiva de Bottura e da mulher dele, Raquel Fernanda de Oliveira. Os dois são réus em uma ação penal que trata da prática dos crimes de associação criminosa; inserção de dados falsos em sistema de informações; falsificação de documento público; usurpação de função pública; prevaricação; e violação de sigilo funcional.
De acordo com o Il Mattino, Bottura estava na Itália desde janeiro de 2024. O jornal informou que a polícia italiana chegou até o o advogado porque ele adotou em terras europeias um estilo de vida não muito inteligente para um procurado internacional: Bottura usou cartões de crédito registrados em seu próprio nome, pagou mensalidades de uma academia de ginástica e — imprudência das imprudências — adquiriu um possante Maserati GranCabrio, com o qual desfilava sem perturbações pelas ruas de Selvazzano.
Condenado cerca de 300 vezes por litigância de má-fé, ele se especializou em constranger desafetos se valendo de diferentes brechas do sistema de Justiça, como a indicação de endereços errados de suas vítimas para provocar falsas revelias. Já nas ações em que é réu, faz uso de estratégia parecida, mas para escapar da lei penal e não ser localizado.
Em Mato Grosso do Sul, Bottura começou a causar polêmica em Anaurilândia, onde ingressou com centenas de ações judiciais. Ele chegou a ser preso e processou a Secretaria de Justiça e Segurança Pública por ter divulgado a sua prisão.
Em 2014, ele chegou a ser pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo PTB. Em vídeo institucional da sigla divulgado à época, defendia que “os ratos fossem retirados do poder”. Em 2017, ele se lançou como candidato a senador, mas acabou desistindo antes das convenções.
Em 2021, segundo o Conjur, Bottura conseguiu de uma vítima uma “doação” de R$ 7 milhões. Em conjunto com sua mãe, a psicóloga Maria Alice Auricchio Bottura, que atendia à vítima havia mais de 18 anos, atuou para que ela transferisse valores referentes à herança de seu marido a contas de empresas estrangeiras, ligadas aos autores dos fatos.