Réu pelos desvios milionários no Departamento Estadual de Trânsito e foragido há 10 meses, o despachante David Clocky Hoffman Chita decidiu fazer delação premiada bomba e promete arrastar “as mais altas autoridades” para o escândalo de corrupção. Sem citar nomes, ele não vai se limitar a uma operação, mas a várias deflagrada pela Polícia Federal e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Chita ficou famoso na campanha eleitoral do ano passado ao acusar, em vídeo propagado a exaustão, de que o escândalo de corrupção no Detran era comandado pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB), candidato a prefeito da Capital. A delação não prosperou, mas tirou o tucano do segundo turno, mesmo com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Na tentativa para obter habeas corpus para suspender a prisão preventiva, decretada pela juíza May Melke Penteado Amaral Siravegna, da 4ª Vara Criminal, e mantida pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, ele contratou o advogado Vander Ricardo Gomes de Oliveira Almeida e ensaiou desistir da delação premiada.
No entanto, o despachante estaria inconformado por ter sido abandonado pelos “parceiros” e decidiu, literalmente, chutar o pau da barraca, recorrendo a um ditado popular. E na fúria, estaria disposto a entregar os mais graduados políticos do Estado, que já estão envolvidos em escândalos de corrupção, mas seguem mais populares do que nunca em Mato Grosso do Sul.
Em nota, o advogado Ricardo Almeida confirma que o cliente vai propor um acordo de colaboração em troca de redução da pena. “Nos próximos dias iremos tratar com as autoridades competentes sobre as condições em que se fará a delação premiada, bem como a sua apresentação perante a justiça, a fim de preservar a sua integridade física”, frisou o defensor.
“Nosso cliente DAVID CHITA passa por momentos de extrema dificuldade. Está sendo acusado por fatos que na sua maioria não lhe dizem respeito. Teve prisão decretada sem que antes fosse ouvido para esclarecer o muito que tem a dizer”, destacou Almeida.
“Por anos atuou como despachante junto ao Detran. Nesse período representou as mais variadas pessoas: desde gente simples até as mais altas autoridades locais. Pode ser que tenha contas a prestar à Justiça. Está tranquilo e conformado quanto a isso”, pontuou.
“Mas certamente não atuou sozinho, em nenhum momento. Em razão disso tudo, nos constituiu como advogado e nos deu uma importante tarefa: dialogar com as autoridades competentes visando firmar uma delação premiada”, confirmou, sobre a nova estratégia da defesa.
“Trata-se de medida prevista em lei, que visa salvaguardar direitos. DAVID CHITA tem diversos fatos a esclarecer, não só os relacionados ao Detran – mas também sobre diversas outras operações policiais”, avisou, deixando claro que outras investigações vão ser desvendadas com as revelações bombásticas do despachante.
Em off, O Jacaré apurou com uma fonte de que o despachante poderia desvendar, inclusive, uma morte misteriosa ocorrida no Estado. Na época, o desfecho foi de que houve um acidente. No entanto, na delação premiada, o despachante poderá indicar que ocorreu um assassinato. E o desfecho promete ser demolidor para reputações dos envolvidos.
No entanto, para preservar o cliente, o advogado Ricardo Almeida não antecipou os nomes dos políticos que poderão ser citados na delação premiada.
Confira a nota da defesa na íntegra:
“Nosso cliente DAVID CHITA passa por momentos de extrema dificuldade. Está sendo acusado por fatos que na sua maioria não lhe dizem respeito. Teve prisão decretada sem que antes fosse ouvido para esclarecer o muito que tem a dizer.
Por anos atuou como despachante junto ao Detran. Nesse período representou as mais variadas pessoas: desde gente simples até as mais altas autoridades locais. Pode ser que tenha contas a prestar à Justiça. Está tranquilo e conformado quanto a isso.
Mas certamente não atuou sozinho, em nenhum momento. Em razão disso tudo, nos constituiu como advogado e nos deu uma importante tarefa: dialogar com as autoridades competentes visando firmar uma delação premiada.
Trata-se de medida prevista em lei, que visa salvaguardar direitos. DAVID CHITA tem diversos fatos a esclarecer, não só os relacionados ao Detran – mas também sobre diversas outras operações policiais.
Busca-se apenas o cumprimento das leis, responsabilizando-se cada um por aquilo a que tiver dado causa. DAVID CHITA está cansado de responder por crimes e ilícitos dos quais não é culpado.”