Assessora lotada no gabinete da prefeita Adriane Lopes (PP) acusada de compra de votos com PIX, Simone Bastos Vieira recebeu dois salários em outubro do ano passado, mês da eleição, segundo o Portal da Transparência. Ela ganhava R$ 5.359,59 por mês, conforme dados publicados no site da Prefeitura de Campo Grande.
O Jacaré procurou a prefeita e a assessoria para ter mais informações a respeito da publicação no Portal da Transparência, mas não houve nenhuma manifestação. Contudo, após o envio do e-mail, houve a exclusão do pagamento de um dos salários da ocupante do cargo comissionado do site.
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A transferência de R$ 1,2 mil feito por PIX por Simone para Sebastião Vieira Martins, o Tião da Horta. Esse pagamento é citado no parecer favorável à cassação dos mandatos de Adriane Lopes e da vice-prefeita, Camilla Nascimento de Oliveira (PP), pelo procurador regional eleitoral, Luiz Gustavo Mantovani. De acordo com o MPE, ele foi visto no comitê da campanha pela reeleição no dia 26 de outubro de 2024.
“Simone Bastos Vieira, responsável pelo PIX efetuado em favor de Sebastião Martins Vieira, conforme colacionado na inicial (ID 12617555, p. 101), era servidora comissionada com lotação no gabinete da prefeita na competência de outubro de 2024. Coincidentemente, Simone consta do site da prefeitura como assessora executiva lotada 3 justamente na atual Coordenadoria Geral de Articulação Social e Assuntos Comunitários, subordinada a Marcos Paulo Amorim Pegoraro”, apontou o procurador regional eleitoral.
Ao consultar o Portal da Transparência no início da semana, O Jacaré encontrou que constava o pagamento de dois salários para Simone Bastos Vieira, como pode ser verificado abaixo. Ela teria recebido R$ 5.359,59 brutos e R$ 4.369,07 líquidos duas vezes.
Na segunda-feira (7), O Jacaré questionou a assessoria de Adriane sobre o pagamento em duplicidade para a assessora de Adriane em outubro, coincidentemente, o mês das eleições no ano passado. No entanto, não houve resposta da prefeitura nem da chefe do Poder Executivo.
Contudo, o segundo pagamento foi excluído do Portal da Transparência, como pode ser conferido abaixo. Só ficou o registro do pagamento do salário “normal”.
À Justiça Eleitoral, os advogados de defesa da prefeita, José Rizkallah Júnior e Alexandre Ávalo, destacam que Adriane Lopes nunca anuiu nem tinha conhecimento da compra de votos a favor da sua reeleição.
O pedido de cassação por compra de votos, abuso de poder econômico e poder político com uso de igrejas evangélicas foi protocolado pelo PDT e Democracia Cristã. O MPE se manifestou apenas pela procedência da denúncia pela compra de votos.
O caso será analisado pelo Tribunal Regional Eleitoral e o relator é o juiz Alexandre Antunes da Silva.
Uma das principais polêmicas da campanha eleitoral foi o pagamento de supersalários e penduricalhos pela prefeita sem publicar no Portal da Transparência, escândalo conhecido com o “folha secreta”. O Tribunal de Contas do Estado apontou rombo de R$ 386 milhões.
Adriane não negou a existência de folha secreta, mas acusou o antecessor e ex-aliado, Marquinhos Trad, pelo pagamento de supersalários sem registro oficial.