O presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento Econômico, Geraldo Alckmin (PSB), criticou o aumento de tarifas promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele participou nesta quarta-feira (9) do lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco, em Inocência, que deve gerar 14 mil empregos com previsão de investimento de US$ 4,6 bilhões, o equivalente a R$ 27,8 bilhões na cotação atual.
Em seu discurso, na cerimônia, Alckmin ressaltou o bom desempenho da indústria brasileira, especialmente com o programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Em 2022, o Brasil estava em 70º lugar no mundo na indústria e, no ano passado, chegou a 25º. Nós ganhamos 45 posições”, afirmou o ministro.
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O presidente em exercício lembrou ainda dos investimentos privados anunciados somente nesta semana no país, de R$ 6,5 bilhões na área farmacêutica e de R$ 34 bilhões em logística. “E hoje, aqui em Inocência, no Mato Grosso do Sul, o maior projeto do mundo de celulose em uma única etapa, R$ 25 bilhões de investimentos”, declarou.
Em entrevista coletiva após a solenidade, Alckmin criticou o tarifaço de Trump.
“Trago uma palavra sobre a questão dos EUA. O Brasil ficou com a menor tarifa entre as tarifas de importação que foram aplicadas. Nós entendemos que não deveria haver essa tarifa, pois os EUA têm superávit na balança comercial com o Brasil”, argumentou o presidente em exercício. “O caminho é o diálogo e a negociação. Vamos trabalhar no sentido de reduzir essa alíquota, que não é boa, não só para o Brasil, mas também para o mundo e até mesmo para os próprios EUA”.
Ao ser questionado sobre as taxas impostas pelos EUA a outros países, Alckmin lembrou que os Estados Unidos aplicam alíquota zero em 8 dos 10 produtos que mais exportam para o Brasil. “A alíquota média final de todos os produtos é de 2,7%”, explicou.
‘Boom’ econômico em Inocência
O lançamento da pedra fundamental da indústria de celulose da Arauco em Inocência também teve a presença do governador Eduardo Riedel (PSDB) e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB).
“Momento histórico não apenas para Inocência, mas também ao Mato Grosso do Sul. Toda esta região será impactada com este grande investimento privado. Lembro de quando fomos ao Chile, visitamos os empreendimentos e aprendemos a cultura deles. Conhecemos a seriedade, simplicidade e competência do grupo. Lá se estabeleceu um compromisso e confiança para viabilizar o maior empreendimento privado nos dias de hoje”, discursou Riedel.
Com início da operação prevista para o fim de 2027, a planta industrial terá capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose. De acordo com a Arauco, será o maior projeto de produção de celulose do mundo implantado em etapa única.
A nova unidade prevê a geração de 14 mil novos empregos no pico da obra e 6 mil empregos diretos e indiretos na produção, com impacto nas áreas industrial, florestal e logística da região. A indústria terá plantio de 400 mil hectares de eucaliptos para a fabricação de celulose, e os subprodutos serão utilizados para gerar 400 megawatts de energia, que servirá para o consumo interno, o excedente será injetado no sistema nacional.
“Estamos no principal eixo de celulose do Brasil, isto nos permite construir a maior fábrica de celulose no mundo. Isto promove prosperidade, avanços sociais e econômicas, com o cuidado de preservar os biomas. Para isto garantimos os melhores parceiros estratégicos, através de um time muito qualificado”, afirmou Carlos Altimiras, diretor-presidente da Arauco Brasil.
Simone Tebet lembrou da importância de se acreditar e ter planejamento para o desenvolvimento. “Hoje nós estamos diante do lançamento, não da pedra fundamental, mas da árvore fundamental, nesse maciço florestal, da maior fábrica do mundo de celulose”, afirmou. “É isso que nós queremos e precisamos do nosso povo. Hoje, nós, homens e mulheres públicos, plantamos sementes que outros irão colher”, declarou.
A Prefeitura de Inocência espera um aumento na população de 8,4 mil para 32 habitantes durante a fase de construção da fábrica. Após a inauguração, estima-se que o número se estabilize entre 18 mil e 22 mil pessoas.
Com foco no desenvolvimento da cidade, a Arauco anunciou um investimento de R$ 85 milhões no Plano Estratégico Socioambiental, voltado para melhorias no município.
O Governo do Estado também prevê investimentos efetivos em diferentes áreas como infraestrutura urbana, transporte, logística, saúde, educação e na qualificação profissional, que ultrapassam R$ 65 milhões.