O colapso no sistema público de saúde, com a Santa Casa parada devido a falta de insumos e materiais, e os buracos nas vias públicas afundaram a popularidade da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP). Conforme pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência, 55% dos campo-grandenses avaliam a atual gestão como ruim/péssima. Apenas 24% a consideram boa/ótima.
No geral, conforme o levantamento, 70% dos eleitores reprovam a administração de Adriane, enquanto 26% aprovam e 4% não opinaram. Os dados refletem o abandono da Capital pela prefeita após ser reeleita no segundo turno em outubro do ano passado.
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O instituto ouviu mil eleitores entre os dias 26 e 31 deste mês em todas as regiões da Capital. A margem de erro é de 3% para mais ou menos.
Caos e impopularidade
De acordo com o Ranking Brasil, 55% avaliam Adriane como ruim/péssima. Em relação a setembro do ano passado, houve crescimento de 23 pontos percentuais. O índice negativa era ainda menor em fevereiro, quando apenas 21% avaliavam a chefe do Executivo com ruim/péssima. Esse índice foi para 32% em setembro.
Em março deste ano, apenas 24% consideram a atual administração como boa/ótima. A aprovação era de 35% em fevereiro e caiu para 30% em setembro, a um mês da eleição. Apesar do índice baixo, Adriane contrariou todos os institutos de pesquisa e prognósticos de cientistas políticos e, graças a um marketing agressivo, que valeu até a indicação para o Oscar da propaganda nos Estados Unidos, acabou reeleita no segundo turno.
Neste ano, 18% avaliam a gestão como regular, contra 30% em setembro do ano passado e 38% em fevereiro de 2024.
Saúde é a principal causa
Calcanhar de Aquiles da prefeita na campanha eleitoral, a saúde é a principal responsável pela derrapada na popularidade ladeira abaixo. A falta de médicos, a crise na saúde e atendimento foram apontados por 33,20% como o principal problema da Capital. Em segundo lugar fica a falta de remédios e insumos nos postos de saúde e hospitais, apontado por 26,60%.
A não construção do hospital municipal, que foi lançado na véspera da campanha municipal, foi apontado por 18,40%. A favorita para ganhar a licitação é Health Brasil Inteligência em Saúde, ré por desvios milionários na saúde e na mira do MPE.
Os buracos, que tomaram conta de ruas e avenidas, foram apontados por 15,20% dos moradores. A buraqueira entrou no radar da oposição e vem causando transtornos, prejuízos e raiva no campo-grandense. Só os vereadores da base aliada de Adriane fecham os olhos para o problema.
A prefeita e gestão também são apontados como causas da insatisfação do eleitor. Para 12,80%, Adriane não cumpriu as promessas de campanha; 10,50% apontaram falta de gestão; 9,50% avaliam que a atual equipe é muito fraca; até a compra de votos é citada por 9%. Corrupção e desvios de recursos públicos foram apontados por 8%.
Falta de apoio fragiliza Adriane
A impopularidade da prefeita ocorre em um dos piores momentos da atual administração. A Santa Casa está em colapso, inclusive chegou a registrar queixa na polícia para alertar que 70 pacientes poderiam morrer ou ficar com sequelas devido à falta de insumos e materiais ortopédicos.
Campo Grande possui gestão plena em saúde e a prefeita é a principal responsável pela gestão da saúde, que inclui postos de saúde e todos os hospitais. Adriane tem se limitado a informar que não tem dinheiro.
O outro problema é a buraqueira nas ruas e avenidas, agravada com a falta de operação tapa buracos e pelas chuvas de verão. Mais uma vez, a prefeita não tem se manifestado.
Vereadores já articulam a criação de uma 2ª CPI na Câmara, desta vez para fazer uma devassa na saúde. O legislativo já criou a CPI do Consórcio Guaicurus e vai mirar a administração de Adriane, que não fiscaliza o transporte coletivo nem cobra o cumprimento do contrato pelas empresas de ônibus.
E para complicar, o Tribunal Regional Eleitoral avalia pedido de cassação da chapa, que pode custar o mandato de Adriane e da vice, Camilla Nascimento de Oliveira.