Aos 76 anos, o médico André Puccinelli (MDB), ainda carrega a fama de ter sido o melhor prefeito na história de Campo Grande. Durante os dois mandatos, entre 1997 e 2004, ele redesenhou a Capital com obras visionárias. O ex-prefeito revela quais devem ser as prioridades para preparar a Cidade Morena para chegar a um milhão de habitantes com infraestrutura de primeiro mundo e recuperar a qualidade do passado.
Ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-governador por dois mandatos, Puccinelli mantém o estilo de não fugir de briga e a principal proposta é polêmica, transformar o canteiro da Avenida Afonso Pena, um patrimônio da Capital, em corredor do transporte coletivo para desafogar o trânsito e dar maior fluidez ao tráfego de veículos.
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Ciente da polêmica da obra, o ex-prefeito defende um acordo com o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e com a sociedade para viabilizar a canaleta destinada ao ônibus urbano. “È preciso um estudo técnico e planejado para melhor a fluidez do trânsito”, André.
A outra proposta é cobrir o Córrego Segredo e o Rio Anhanduí e aumentar em mais duas faixas para veículos na Avenida Norte Sul, que engloba as avenidas Ernesto Geisel, Vereador Thirson de Almeida e Heráclito Figueiredo. Ele construiria no local uma canaleta exclusiva para o transporte coletivo e ciclovia.
André ainda construiria um viaduto no cruzamento das avenidas Mato Grosso e Via Parque. Ele não descartaria desapropriar parte do condomínio existente no local para melhorar o tráfego, principalmente, para quem frequenta o Parque dos Poderes.
O segundo viaduto seria construído na Avenida Costa Silva, na região conhecida como rotatória da Coca-Cola. “O viaduto resolve o problema”, enfatiza o ex-prefeito. Na campanha eleitoral, o seu candidato a prefeito, o deputado federal Beto Pereira (PSDB), era um entusiasta da obra.
Na segurança pública, André uniria a Guarda Municipal e a Polícia Militar. As duas corporações travam uma disputa nas ruas da Capital e na Justiça. O ex-prefeito propõe que o comando ficaria com a PM e os, 1,6 mil guardas seriam fundamentais para elevar a sensação de segurança na Capital.
As obras de um visionário
André Puccinelli foi responsável pelo fim dos alagamentos na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no Centro, ao afundar o Córrego Prosa e cobrir a avenida. Ele acabou com um problema de décadas.
Na gestão do emedebista, os moradores do Aero Rancho, um dos mais populosos, ganharam um novo acesso ao Centro com o prolongamento da Avenida Ernesto Geisel da Avenida Salgado Filho até a Avenida Campestre. Com a construção de pistas nas duas marginais, ele removeu 1.044 famílias que residiam em várias favelas situadas às margens do Rio Anhanduí.
Antes da gestão de André, vendedores ambulantes ocupavam as calçadas das principais vias centrais, como as ruas Barão do Rio Branco (inclusive o calçadão e a escadaria), Rui Barbosa, 14 de Julho e Calógeras. Os vendedores ambulantes foram reunidos em único espaço, o Camelódromo.
Puccinelli também causou polêmica ao tirar a tradicional feirona nas ruas Abraão Júlio Rahe e Padre João Crippa para um novo espaço, a Feira Central na Esplanada Ferroviária.
A retirada dos trilhos do perímetro urbano começou na calada da noite devido a oposição de historiadores, de parte da sociedade e da classe política. Os trilhos deram lugar para duas grandes avenidas, a Fábio Zahran, conhecida como Via Morena, e a Orla Morena (construída na gestão de Nelsinho Trad, que deu continuidade ao projeto do antecessor). O contorno ferroviário de 47 quilômetros foi construído na sua gestão.
André foi responsável pela construção da Via Parque e do Parque do Sóter. A pavimentação da avenida causou polêmica ao invadir um condomínio de luxo onde morava o chefe do MPE na época, o procurador de Justiça, Sérgio Moreli.
André duplicou o prolongamento da Avenida Duque de Caxias, que denominou Sólon Padilha, em homenagem ao pai do então ministro dos Transportes, Elizeu Padilha, que era um importante aliado na liberação de recursos. André ainda construiu outras avenidas, como a Avenida Lúdio Coelho, do PAC Lagoa, e fez 25 quilômetros do anel viário entre as saídas de Sidrolândia e de Rochedo.
Cidade para no tempo
Nos últimos anos, Campo Grande passou a sofrer com a falta de investimentos e, praticamente, parou no tempo. A última grande obra foi a revitalização da Rua 14 de Julho, que teve investimento de US$ 56 milhões, e foi concluída na gestão de Marquinhos Trad (PDT).
Adriane Lopes (PP) sofre com as sucessivas crises e sem obras de impacto. A situação só não está pior porque o Governo do Estado vem realizando a obra do novo acesso das Moreninhas ao Centro. A prefeitura conta com recursos federais para realizar a pavimentação da Avenida Wilson Paes de Barros, que vai interligar a Avenida Duque de Caxias aos bairros São Conrado e Santa Emília.