Sem solução por parte da prefeita Adriane Lopes (PP), a falta de insumos e próteses para a realização de cirurgias na Santa Casa de Campo Grande virou caso de polícia nesta terça-feira (25). A Direção Cínica da instituição registrou boletim de ocorrência para alertar que 70 pacientes internados em estado grave na ortopedia correm risco de morte porque as cirurgias foram suspensas por falta de material.
No início da semana, a direção da instituição já tinha alertado a prefeita, que é responsável pela gestão do SUS (Sistema Único de Saúde) no município, o Ministério Público e o Governo do Estado de que estava sem condições de receber novos pacientes. Além da falta de material, o pronto socorro está superlotado. Com 13 leitos, o local está com 80 doentes.
Veja mais:
Com déficit de R$ 158 mi em 2024, Santa Casa para serviços e deixa capital a beira do colapso
Além dos apagões, Santa Casa não oferece segurança a pacientes e funcionários em caso de incêndio
Apesar da alta no repasse e 6 empréstimos, prejuízo da Santa Casa bate recorde e dívida vai a R$ 569 mi
Apesar dos alertas e do déficit de R$ 158 milhões no ano passado e da falta de dinheiro para comprar medicamentos, insumos e próteses, as autoridades e, principalmente, a prefeita da Capital, estão demorando para encontrar uma solução para o problema gravíssimo.
Agora, temendo uma tragédia, a diretora clínica da Santa Casa, Izabela Guimarães, o chefe da Ortopedia, João Antônio Pereira Mateus, e o diretor-financeiro adjunto, o advogado Paulo Guilherme Gutierrez Marios, registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil para alertar para o risco de morte de 70 pacientes.
“Neste exato momento não existe nenhum material ortopédico – OPME – disponível para a realização de cirurgias de urgência e emergência que deveriam estar ocorrendo. A situação chegou no limite hoje mas há semanas a quantidade de insumos não chega”, lamentaram os médicos.
“O Gestor Pleno da Saúde é o Município, e a verba que deve ser paga ao Hospital é insuficiente para o custeio das despesas mensais de acordo com as informações que é repassada pela direção da Instituição aos comunicantes médicos ( Dra. Izabela e Dr. João), cujo déficit já é de conhecimento tanto do Município como dos demais órgãos: Ministério Público, CRM, SES e SESAU”, alertaram.
“Todos possuem conhecimento da situação caótica pelo qual que passa a Santa Casa há anos e toda semana ocorrem reuniões, mas na prática, para aqueles que “estão na linha de frente” e que atendem os pacientes ou que deverão informar aos familiares sobre a não realização dos procedimentos urgentes e até sobre óbitos que poderão ocorrer – são as pessoas dos comunicantes – e por ato de desespero procuram esta Unidade para registrar o presente BO e informar o que está ocorrendo”, afirmaram.
“Além destes 70 pacientes que estão na listagem, outros se acrescentarão porque acidentes ocorrem a todo momento e chegam na Unidade, que ‘fechou a porta da ortopedia hoje cedo’. Colapsou. Não dá mais”, destacaram.
“Este material não está chegando até a Santa Casa por conta da falta de pagamento aos fornecedores, haja visto o déficit financeiro mensal, explanado no parágrafo 3º. Além da ortopedia, outras especialidades sofrem com a escassez de OPME pelo mesmo motivo, não podendo mais ser financiado pela Santa Casa como ocorre até o momento”, concluíram.
Nesta terça-feira, a Santa Casa ingressou com ação na Justiça para pedir o bloqueio de R$ 46 milhões da prefeitura. No entanto, o juiz Marcelo Andrade Andrade Campos Silva, da 3ª Vara de Fazenda Pública, determinou o pagamento em 48 horas sob pena de sequestro.