Investigado por falsificação de documentos públicos, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro, o prefeito de Ivinhema, Juliano Barros Donato, o Juliano Ferro (PSDB), optou por ficar em silêncio no Ministério Público ao invés de esclarecer o rumoroso caso da caminhonete apreendida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O MPE pediu à Justiça autorização para levar o veículo de luxo a leilão.
Irritado com a publicação da história pelo O Jacaré, o tucano gravou um vídeo em que admite ser o dono do veículo, que nunca foi registrado em seu nome. “Eu comprei esse caminhonete em 2020”, gaba-se Ferro. “Só que não é essa caminhonete (que pagou mais de meio milhão de reais), mas uma de 200 e poucos mil, nem prefeito eu era”, afirmou.
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O promotor Daniel do Nascimento Britto, de Ivinhema, instaurou inquérito para investigar a denúncia de que o prefeito falsificou documentos públicos do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para regularizar a caminhonete Dodge RAM 2500 Laraime, que foi comprada de Antônio José Rios, de Goiânia (GO), que morreu no dia 28 de fevereiro de 2020. A suspeita é que a transação ocorreu após o óbito.
O veículo foi apreendido na “Operação Psicografia”, deflagrada contra Juliano Ferro em outubro do ano passado. Conforme a investigação, a caminhonete foi registrada no nome do cabo da PM, Vagner Pires da Silva, que foi cedido pela Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública para atuar como segurança do prefeito de Ivinhema. O MPE sustenta que ele não teria condições de comprar o carro de luxo.
Pires teria transferido a caminhonete para outro policial militar, Rodrigo Ferreira da Silva. O MPE apura se houve participação de funcionários do Detran na falsificação de documento público para regularizar a transferência do veículo.
Diante de promotor, prefeito louco ficou em silêncio
Investigado pelos crimes de falsificação de documento público, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistema de informação, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro, Juliano Ferro foi convocado para prestar depoimento ao promotor no dia 26 de novembro do ano passado.
“JULIANO BARROS DONATO, já qualificado, por este advogado devidamente constituídos para tanto (doc. 01), respeitosamente, vem à presença de Vossa Excelência, ante a notificação 0037/2024/01PJ/IVH, informar e requerer o seguinte.
1. Consoante a notificação retro mencionada, este d. Promotor de Justiça pretende ouvir o peticionário na data de 26/11/2024, às 14h00Min. No entanto, o investigado invocará seu direito ao silêncio, conforme previsto pelo art. 5º, LXIII da ConstituiçãoFederal.
2. Sendo assim, pugna-se pelo cancelamento da audiência ou, acaso haja insistência, que seja permitida a realização por videoconferência”, afirmou o advogado João Vitor Comiran. Ou seja, quando teve a oportunidade de contar a “verdade”, o prefeito mais louco do Brasil optou por não responder a nenhuma pergunta do promotor.
Em vídeo, prefeito xinga e admite ser dono
Em vídeo distribuído em grupos de aplicativos e nas redes sociais para contestar a matéria de O Jacaré, sobre o pedido de venda antecipada da caminhonete, Juliano Ferro xinga. “Esses caras são tão burros, nem busca informação”, vocifera. “Mídia podre”, berra.
Em seguida, conforme pode ser conferido no vídeo abaixo, ele admite que era o dono da caminhonete, colocada em nome de laranja, como suspeita o MPE. “Eu compro e vendo carros”, gaba-se. “Comprei e paguei com o suor do meu trabalho”, gaba-se, confessando o que o promotor só suspeitava, de que Juliano Ferro é o real proprietário do veículo.
“Toda a verdade vai vir a tona”, profetiza. Só podemos nos juntar a torcida do prefeito, que a verdade venha a tona.
Em seguida, ele torce para que o Poder Judiciário não autorize a alienação antecipada da Dodge RAM.