Mário Pinheiro, de Paris – A CIA viu a luz do dia em 1946, através do presidente americano Harry Truman, com o objetivo de obter informações eficazes para assegurar a paz. Era no final da 2ª Guerra Mundial. Mas com o tempo, esta instituição ultrapassa seus limites, confabula, mente, se associa aos crápulas, assassina, tenta “impor” o modelo de democracia dos Estados Unidos.
O primeiro passo em falso da CIA foi na Guatemala, em 1952, quando Arbernz foi eleito presidente sob a promessa de fazer uma reforma agrária. Acontece que o secretário de Estado americano John Foster Dulles e seu sobrinho, diretor da CIA, Allen Dulles, tinham terras na região. Arbenz, acusado de ser comunista sofreu pressões e demitiu-se. Quem passa a dirigir o país é um grupo militar de “marionetes” controlados pelos Dulles.
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No Brasil, a CIA põe seu dedo sujo a partir do problema político iniciado por João Goulart em 1962. Os Dulles eram acionistas da empresa nacionalizada por Goulart, a Hanna Mining. O embaixador Lincolm Gordon era informante e conselheiro da CIA para impor a vitória da direita nas eleições. As principais instituições comerciais americanas fizeram chover dólares de forma clandestina aos candidatos de direita do Brasil e dividiu os sindicatos rurais.
A CIA estava onipresente em toda a América latina. Até a Fundação Ford foi usada no envio de fundos para contemplar a educação. Com o passar dos anos, como explica Bryan Garth e Yves Dezalay, muitos candidatos ao quadro político foram enviados aos Estados Unidos para estudar “economia”, eram os chamados Chicago boys, entre eles, Augusto Pinochet, Hugo Banzer e Alfredo Stroessner.
Os golpes militares foram arquitetados pela CIA na maior parte da América Latina, Oriente Médio, Ásia e África durante o governo de Richard Nixon. No Chile, para a Operação Condor, o embaixador americano Henry Kissinguer, agia como o carrasco da diplomacia. O primeiro ministro do Irã, já em 1953, foi deposto pela CIA. Durante todo o período da guerra fria entre Estados Unidos e a URSS, a instituição mantém sua influência nos jogos diplomáticos. A prova é a zona militar desenvolvido pelo programa U-2, nome da banda irlandesa, onde dois aviões americanos foram concebidos para espionar a URSS.
Mas nem tudo são rosas na instituição. Em 1996 ela se implica no mais importante tráfico de drogas em Los Angeles. Mas esse tráfico tinha um objetivo político claro, financiar os contras da Nicarágua de Sandino.
As escutas telefônicas de chefes de Estado como Alemanha, França e Brasil, entre outros, expõe a fraqueza e a bisbilhotagem dos arapongas da CIA entre prisões clandestinas, voos secretos que acabam por quebrar a imagem de “mocinho” do velho oeste americano.
A CIA usa cobaias para lavagem do cérebro no Canada
De 1953 a 1973, a CIA coordena uma administração de drogas, eletrochoques, tortura e privação do sono. O objetivo era o controle do cérebro humano. A quantia financeira comandada pela CIA para o programa conhecido como MK-Ultra era gigantesca. Os candidatos eram voluntários para a experiência, mas ignoravam completamente que teriam o cérebro apagado para não se lembrar de mais nada.
A lavagem cerebral é a experiência que deveria ser aplicada mais tarde em prisioneiros. Para americano quase tudo é possível. O outro objetivo, depois de aprovado e com resultado positivo do MK-Ultra, é a invenção e criação de supersoldados.
O que pode vir ao espírito agora é a série de filmes de soldados imortais que foi ao cinema e televisão com Capitão América, Terminator, entre outros, com o ator Arnold Schwarzenegger. Este projeto é, na verdade, uma cópia do médico nazista Joseph Menguele. Os voluntários deste projeto desumano são pessoas vulneráveis escolhidas dentro de hospitais, em prisões ou em casas de prostituição.
O resultado negativo desta lavagem de cérebro se anota pela impulsão ao crime ou ao suicídio. Foi preciso esperar pela série de reportagens da imprensa sobre as atividades ilegais da CIA revelada somente em 2007.