Após repercussão negativa, a prefeita de Mundo Novo, Rosária Lucca Andrade (PSDB), divulgou que Jusmar Martins da Silva pediu exoneração do cargo de fiscal da Vigilância Sanitária da cidade. Segundo o Paço Municipal, o ex-secretário municipal de Agricultura mandante da morte da prefeita Dorcelina Folador (PT) foi contratado em 2024, durante a administração anterior, por meio de um processo seletivo.
Em nota divulgada nesse sábado (8), a prefeita explicou que a contratação de Jusmar e de outros 123 servidores foi rescindida por força de uma decisão judicial no final do ano passado, resultado de uma ação iniciada em 2019. Para garantir a continuidade dos serviços públicos essenciais, um acordo foi firmado com o Judiciário e o Ministério Público permitindo a recontratação desses profissionais até a realização de um concurso público previsto para este ano.
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Em fevereiro, Jusmar Martins da Silva foi nomeado como fiscal da Vigilância Sanitária pela prefeita Rosária. O contrato começou a valer no dia 17 e terminaria em 30 de novembro deste ano. Entretanto, diante das polêmicas e das críticas direcionadas à gestão municipal, Jusmar solicitou sua exoneração do cargo.
O mandante do assassinato de Dorcelina afirma que “não queria causar transtornos, que apenas queria uma oportunidade de ressocializar e sobreviver conforme a lei determina, encontrando esta oportunidade junto ao então prefeito Valdomiro Sobrinho, um homem com visão humanitária que se preocupa com a reintegração de pessoas nestas condições”, reintegração social de ex-detentos, diz a nota.
A prefeita Rosária encerra a nota lamentando o imbróglio envolvendo Jusmar da Silva e manifesta “seu profundo respeito” aos familiares e amigos da ex-prefeita Dorcelina Folador e reafirmou seu compromisso com a legalidade e a transparência na gestão municipal. Ela destacou que suas decisões são pautadas na legislação vigente, acima de qualquer juízo pessoal, garantindo a seriedade da administração pública de Mundo Novo.
Dorcelina assumiu a prefeitura de Mundo Novo em janeiro de 1997, mas o mandato terminou de forma trágica em 30 de outubro de 1999. Ela foi morta a tiros na varanda de casa, aos 36 anos. O assassinato foi encomendado por Jusmar e cometido pelo pistoleiro Getúlio Machado, que confessou o crime e disse que receberia R$ 35 mil pelo homicídio. O crime completou 25 anos em outubro do ano passado.
A ex-prefeita nasceu no dia 27 de julho de 1963, em Guaporema, no Paraná. Chegou a Mundo Novo em 1976, onde iniciou sua atuação na Pastoral da Juventude em 1980. Em 1987, ajudou a fundar o PT, se candidatou a vereadora, e depois foi eleita prefeita. Ela também ajudou a fundar a Associação Mundonovense dos Portadores de Deficiência Física (AMPDF).
Foi professora, poeta, artista plástica e em 1989 se engajou na luta pela terra no Estado do MS, militando no MST e fazendo parte da direção estadual desse movimento.
O dirigente nacional do MST em Mato Grosso do Sul e um dos fundadores da Via Campesina, Egídio Brunetto, falecido em 2011, após o assassinato contou que Dorcelina era conhecida pela ‘limpeza’ que fez na administração do município e por romper com grupos criminosos ligados ao poder público, na região. “Ela fez uma administração voltada ao interesse público e mexeu com a máfia da fronteira”, contou Brunetto.