O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Dorival Renato Pavan, descartou construir a nova estátua de Têmis, a deusa grega da Justiça, no Tribunal do Júri do Fórum de Campo Grande. “Eu não vou construir a estátua”, afirmou, em entrevista exclusiva concedida ao O Jacaré na manhã desta quinta-feira (6).
De acordo com o magistrado, o novo modelo, escolhido por meio de concurso pelo antecessor, o desembargador Sérgio Fernandes Martins, “desvirtua a verdadeira finalidade da deusa”. “Não é propício”, ressaltou.
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Pavan planeja manter a atual estátua, construída em 2002, pelo artista plástico Cleir Ávila. “O (desembargador Carlos) Stephanini brigou muito por causa da sensualidade”, lembrou o presidente. Há 23 anos, quando o atual monumento foi inaugurado, houve uma polêmica por causa da sensualidade exposta pela deusa grega, com quatro metros de altura, balança, venda nos olhos e um dos seios a mostra.
O desembargador Dorival Renato Pavan afirmou que se fosse substituir a atual, ele optaria por um modelo igual ao do Supremo Tribunal Federal. Ele criticou a Parajás, modelo vencedor do concurso para escolha do novo monumento, realizado por Sérgio Martins.
O vencedor foi Victor Harabura de Freitas, com a estátua inspirada em Parajás, a deusa Tupi Guarani, e que destacaria traços indígenas. Conforme o edital, o 1º lugar ficou com R$ 50 mil, o 2º com R$ 30 mil e o 3º levou R$ 15 mil.
A previsão inicial era investir R$ 150 mil na construção do novo monumento. Após a divulgação dos vencedores, o tribunal elevou o valor para até R$ 300 mil. Pavan poderá desistir porque o edital não obrigava o Tribunal de Justiça a instalar a obra.
Martins queria o novo monumento para unir traços regionais à nova estátua de Têmis. ““É uma oportunidade que nós estamos dando e convocando artistas locais e de todos os recantos para darem a sua contribuição, sugerirem uma ideia que possa substituir o que está aqui e já está bem danificado pelo tempo. Campo Grande é uma cidade de eventos, porta do turismo no Mato Grosso do Sul, e se nós pudermos aliar essa referência ao Judiciário, à nossa cultura local, vai valorizar a obra e valorizar nossas características”, discursou, no lançamento em maio de 2024.