Dos cinco vereadores da Comissão de Transporte e Trânsito da Câmara Municipal de Campo Grande, quatro não apoiam a criação de uma CPI para investigar o poderosíssimo Consórcio Guaicurus, responsável pelo precário e caro ônibus urbano na Capital. Apenas a vereadora bolsonarista Ana Portela (PL) assinou o requerimento e ouviu o clamor popular para colocar um fim nos desmandos do setor.
Apesar de não cumprir o contrato de concessão, não renovar a frota, cobrar uma das tarifas mais caras do País e receber subsídio de R$ 35 milhões, o Consórcio Guaicurus conseguiu evitar três tentativas de instalar CPI na Câmara Municipal. Controlado pela poderosa família Constantino, o setor não é punido por nenhum poder instituído no Estado.
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No entanto, as queixas e o noticiário negativo constantemente, como ônibus quebrados, lotados, redução na frota e falta de pontos cobertos, não são ouvidos pelos integrantes da Comissão de Transporte e Trânsito do legislativo.
A CPI não tem o apoio do presidente da comissão, Dr. Lívio (União Brasil), do vice-presidente, Silvio Pitu (PSDB), de Herculano Borges (Republicanos) e nem do líder da prefeita na Casa, Beto Avelar (PP).
Ao tomar posse da Comissão de Transporte, Dr. Lívio reconheceu, como todos os predecessores, de que o serviço é ruim, mas, na prática, não deu o primeiro passo para colocar o grupo contra a parede.
“Vamos apoiar a CPI, e defender que seja mais ampla apurando porque a prefeitura paga por um serviço ruim. A Câmara precisa fiscalizar este gasto por parte da prefeitura e trazer a responsabilidade do Consórcio Guaicurus. Os terminais de ônibus, por exemplo, são responsabilidade de conservação da Prefeitura. O correto é investigar o contrato como um todo”, discursou o vereador.
“Precisamos avaliar a fundo essas responsabilidades, tanto da parte do Consórcio Guaicurus na prestação do serviço, quanto na parte que cabe à Prefeitura no contrato do transporte coletivo. O que a gente não pode fazer é uma avaliação ou uma investigação parcial sobre responsabilidade de uma das partes, já que o contrato tem obrigações de ambas”, afirmou, conforme release divulgado pela sua assessoria.
Até o momento, apenas Ana Portela é a única integrante da Comissão Permanente de Transporte e Trânsito que assinou o requerimento para tirar a CPI do papel. É a 4ª tentativa de se criar a CPI para investigar o Consórcio Guaicurus.
A última foi sepultada com base no parecer do procurador-geral da Câmara, Luiz Gustavo Martins Araújo Lazzari, que é parceiro, divide escritório e foi assessor por seis anos do advogado do Consórcio Guaicurus, o desembargador aposentado Claudionor Miguel Abss Duarte.
Dos 29 vereadores, 13 apoiam a criação da CPI:
- 1 – Junior Coringa (MDB)
- 2 – Ana Portela (PL)
- 3 – André Salineiro (PL)
- 4 – Rafael Tavares (PL)
- 5 – Landmark (PT)
- 6 – Luiza Ribeiro (PT)
- 7 – Jean Ferreira (PT)
- 8 – Fábio Rocha (União Brasil)
- 9 – Flávio Cabo Almi (PSDB)
- 10 – Maicon Nogueira (PP)
- 11 – Ronilço Guerreiro (Podemos)
- 12 – Wilson Lands (Avante)
- 13 – Veterinário Francisco (União Brasil)