Se hoje patina em investigar a fundo os problemas que afligem a população de Campo Grande, a Câmara Municipal se mostrava bem mais atuante há uma década, quando a remuneração era menor. Em 2013, ano em que o número de vereadores da Capital saltou de 21 para 29, o salário era de R$ 15 mil. Atualmente, o salário é de R$ 26.080,98. Ou seja, cada parlamentar representante do povo ganha o equivalente a 17 salários-mínimos por mês ( R$ 1.518).
Mas se o salário avançou, a disposição de investigar arrefeceu depois que Alcides Bernal (PP) deixou a Prefeitura de Campo Grande. Com o mandato iniciado em 2013, ele próprio acabou cassado em 2014 após a “CPI do Calote”. Porém, com a deflagração da operação Coffee Break, que mostrou conluio entre políticos e empresários para tira o prefeito do poder, Bernal voltou a administrar a cidade entre agosto de 2015 e dezembro de 2016.
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Em maio de 2013, veio a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, a “CPI do Câncer”, que investigou irregularidades na aplicação de recursos públicos no Hospital do Câncer “Dr. Alfredo Abrão” e no Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian”. Inclusive, com acareação entre os investigados,
No mesmo ano, mas em junho, a Câmara deflagrou a “CPI da Inadimplência”, mais conhecida como “CPI do Calote”. A comissão foi criada contra a prefeitura, que deixou de pagar alguns contratos firmados com empresas.
Em setembro de 2013, a terceira comissão simultânea na Casa de Leis: a “CPI da Homex”. Na época, a construtora mexicana tinha paralisado as obras de residenciais em Campo Grande. Nas oitivas, mutuários não pouparam críticas às residências já entregues, com relatos de infiltrações, rachaduras e desníveis no piso.
No mês de maio de 2015, na gestão do prefeito Gilmar Olarte (que era vice de Bernal, foi preso e renunciou), os vereadores abriram a “CPI das Contas Públicas”. O foco era verificar se o aumento de 40,34% na folha de pessoal da prefeitura ocorreu por aumentos salariais praticados pelas gestões anteriores ou devido à nomeação de comissionados por Olarte.
Um ano depois, em maio de 2016, foi a vez da “CPI da Vacina” para apurar o desaparecimento de mais de 30 mil doses de vacina contra a gripe H1N1. Por fim, em 2017, a Câmara Municipal fez as CPIs do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) e do Táxi.
Agora, a cidade pode ter problemas na saúde, no transporte público e até “folha secreta”. Mas os temas que impactam diretamente os eleitores da Capital parecem não despertar tanto interesse dos parlamentares.
Os vereadores ganham quase o dobro, mas optam por ignorar os problemas da cidade e resistem em aprofundar investigações. Com salário de R$ 26.080 por mês pago pelo povo, os vereadores estão mais preocupados em defender quem?