Na contramão das autoridades estaduais e federais, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) afirmou, nesta terça-feira (18), que não houve falha da Patrulha Maria da Penha no atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, que foi morta a facadas pelo agressor. A chefe do Executivo já tinha classificada a tragédia como “fatalidade”.
A falha no atendimento da Casa da Mulher Brasileira foi reconhecida pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), pelo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Dorival Renato Pavan, e pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
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No entanto, para a prefeita, responsável pela gestão da Casa da Mulher Brasileira, não houve falha. “Não foram acionados”, explicou Adriane, sobre a Patrulha Maria da Penha, de acordo com o Midiamax. Contudo, ela não explicou porque um grupo criado para proteger mulheres vítimas da violência não foi acionado para evitar a morte da jornalista.
Uma das medidas adotadas por Riedel e Cida Gonçalves será uma espécie de intervenção na gestão da casa, que estava a cargo do município. O Governo do Estado deverá compartilhar a gestão e tentar solucionar os problemas, que não são reconhecidos por Adriane.
O TJMS acertou a criação de um grupo de trabalho para definir um novo protocolo de atendimento às vitimas e tentar mudar a fama de Mato Grosso do Sul, um estado recordista em feminicídios.
“Se a Casa da Mulher Brasileira começou em Campo Grande, nós vamos reconstruí-la a partir daqui. Temos que nos concentrar nesse trabalho para oferecer respostas mais imediatas”, disse Pavan.
E a Patrulha Maria da Penha será um dos focos da mudança. O objetivo é tornar obrigatório a escolta de mulheres agredidas na volta ao lar. “Estamos firmando um convênio com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública para garantir que a ida da força policial ao local seja uma imposição, e não uma opção da vítima. A presença da patrulha impõe respeito e pode evitar novas agressões”, antecipou o presidente do TJMS.
Sempre tem um culpado
Desde que assumiu o comando da prefeitura, Adriane tem adotado uma postura de que não é responsável pelos problemas, apenas pelas soluções. Sobre a folha secreta, na campanha eleitoral, ela culpou o antecessor e padrinho político, Marquinhos Trad (PDT).
Após ignorar as mães atípicas e não cumprir nem ordem judicial, no discurso de abertura do ano legislativo, Adriane falou do problema e culpou o Governo federal por não fornecer leite nem fralda para crianças com deficiência.
Sobre a falta de remédios nos postos de saúde, ela atribuiu a sabotagem de um funcionário da Secretaria Municipal de Saúde, que nunca revelou o nome. Sobre o aumento de 96,7% no próprio salário, ela decidiu ir à Justiça e culpou os vereadores por terem aprovado o subsídio de R$ 41,8 mli, sendo que o legislativo nunca recusou um pedido da chefe do Poder Executivo.