A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, está em Campo Grande (MS) nesta terça-feira (18) para tratar de medidas de aperfeiçoamento na rede de atendimento a mulheres em situação de violência após o caso de feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte no último dia 12. A primeira agenda do dia foi com o governador Eduardo Riedel (PSDB), com quem pactuou uma série de mudanças no acolhimento às vítimas.
Entre as propostas, estão a gestão compartilhada do serviço da Casa da Mulher Brasileira da Capital, para que o Governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande assumam a coordenação de maneira conjunta, já que atualmente está sob responsabilidade somente do município. Horas antes de ser morta a facadas pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, Vanessa deixou áudios que identificaram a necessidade de melhorias nos protocolos de atendimento.
Veja mais:
Tema Livre: Onde falhamos no caso da Vanessa Ricarte? Algumas reflexões
Antes de ser morta, jornalista expôs tratamento cruel e falho da DEAM às vítimas de violência
Após feminicídio de jornalista, deputado propõe aplicativo com antecedentes de agressores
Também foi apontada a necessidade de informatização na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), inclusive com gravação dos atendimentos, como já existem em algumas delegacias do País, além de qualificação da equipe.
“Um sistema para integrar cada serviço da Casa é um grande desafio que a gente precisa implementar na Casa da Mulher Brasileira”, defendeu a ministra Cida Gonçalves. Ela também afirmou que a repactuação do Colegiado Gestor para que o estado tenha participação efetiva na gestão do equipamento e o aperfeiçoamento de todos os processos de atendimento são essenciais para “que não tenhamos outras Vanessas”.
O Ministério das Mulheres decidiu ainda implementar o piloto do sistema UNA Casa da Mulher Brasileira na unidade de Campo Grande a partir de março, fase inicial de testes.
O sistema nacional de dados irá coletar e organizar, de maneira padronizada e estruturada, os dados referentes aos atendimentos realizados nas CMBs em todo o país. Desenvolvida em parceria com a Dataprev, a nova ferramenta será responsável por integrar os serviços existentes em cada unidade, facilitando a comunicação entre elas. A fase de testes teve início em fevereiro, com as Casas de Teresina (PI) e São Luís (MA).
O governo de MS também irá assinar junto ao Ministério das Mulheres o Acordo de Cooperação Técnica do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher – para o encaminhamento adequado e agilização do fluxo de denúncias. Até o momento, nove estados e o Distrito Federal assinaram o acordo.
“O Estado falhou e precisamos fazer melhorias”, declarou Riedel. “O estado de Mato Grosso do Sul quer colaborar mais nesse processo”, acrescentou o governador, em acordo com a proposta de retomar a gestão compartilhada da Casa.
Campo Grande foi a primeira cidade do País a receber uma Casa da Mulher Brasileira – inaugurada em fevereiro de 2015. Além da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, o Estado conta com ‘Salas Lilás’ em 48 municípios, espaços exclusivos de atendimento de mulheres, adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica ou sexual ou em situação de vulnerabilidade.