O governador Eduardo Riedel (PSDB) realizou reunião na noite deste domingo (16) para discutir propostas para tornar mais efetivas às medidas de proteção às mulheres e evitar novos feminicídios após a repercussão da morte de Vanessa Ricarte. Apesar de ser a gestora da Casa da Mulher Brasileira, a prefeita da Capital, Adriane Lopes (PP), adotou o silêncio e não anunciou nenhuma ação de emergência.
Desde o feminicídio da jornalista, o Governo do Estado já se manifestou em três ocasiões. Inicialmente, o tucano gravou mensagem de solidariedade à família, mostrou-se impactado com a tragédia e cobrou Justiça. Após a divulgação do áudio de Vanessa, que apontou falhas no atendimento da DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), o governador divulgou uma nota admitindo que houve falha para evitar a tragédia.
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No domingo à noite, Riedel convocou os secretários e voltou a discutir o assunto com o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Dorival Renato Pavan, e com o procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior.
“Reunião com diversas instituições para discutir um modelo mais eficiente no combate à violência contra mulher e principalmente na defesa da mulher. O enfrentamento à violência exige respostas concretas e ações eficazes”, afirmou o governador, nas redes sociais. “Estamos mobilizados para garantir uma rede de proteção mais assertiva assegurando que cada mulher tenha o amparo e a segurança necessários”, prometeu.
Ele citou que foram 5 mil medidas protetivas na Capital, uma a cada duas horas, e 13 mil no Estado. “Mas a gente não tem tido o êxito necessário, pois os casos [de feminicídio e tentativa de feminicídio] continuam acontecendo. Essa é minha angustia e demanda para que todos se mobilizem em torno de ações concretas, que gerem resultado e barre esse tipo de ação com a frequência que tem tido dentro de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
“Importante registrar que as instituições estão mobilizadas, e esse é o primeiro passo, todos convergentes em uma mesma ação para que consigamos em um curto prazo fazer diferente. Se o modelo posto não tem gerado o resultado esperado, a gente tem que mudar o modelo”, frisou o governador.
A reunião para direcionar como será trabalho integrado para fortalecer a rede de proteção à mulher vítima de violência em Mato Grosso do Sul e mudar a estrutura do modelo atual contou com a presença dos secretários Viviane Luiza (Cidadania), Antonio Carlos Videira (Justiça e Segurança Pública), Patrícia Cozzolino (Assistência Social e Direitos Humanos) e Rodrigo Perez (Governo e Gestão Estratégica), além da subsecretaria Manuela Bailosa (Políticas Públicas para Mulheres) e do delegado-geral a Polícia Civil, Lupérsio Degerone.
Silêncio
Por outro lado, a prefeita da Capital ainda não se manifestou sobre as medidas para corrigir os problemas. A prefeitura comanda a Casa da Mulher Brasileira. Em nota, o Ministério das Mulheres apontou que a Patrulha Maria da Penha falhou em não escoltar a jornalista na volta para casa e ajuda-la a retirar o agressor de sua residência.
Adriane chegou a classificar o trabalho da patrulha como “excelente” uma semana antes da morte de Vanessa. Ela também fez festa para celebrar os 10 anos da Casa da Mulher Brasileira. Contudo, após a tragédia, a prefeita ignorou o problema, pelo menos, publicamente.