Mário Pinheiro, de Paris – Ao ver o perigo do totalitarismo nazista tão perto, Hanna Arendt saiu da Alemanha em 1933 para Paris, depois migrou aos Estados Unidos. Antes, na vida real, ele convence doutores, magistrados e parte do povo, de que aniquilar, proibir, enviar os deficientes ao forno, os velhos e homossexuais, era necessário. E o fez!
O pai da ideologia antissemita, da raça ariana, se suicidou, mas seus seguidores são numerosos, inclusive no Brasil, onde muitos criminosos do nazismo obteve ajuda até do Vaticano para fugir.
Veja mais:
No Divã Em Paris – O mundo bipolar na ótica Trump
No Divã Em Paris – A vergonha não tem partido
No Divã Em Paris – O complexo de vira-lata
A história é testemunha das atrocidades e aqueles que ignoram os fatos, acreditam nas negações criadas por imbecis. As piores tribunas de rede social para espalhar mentiras e negações escondem a verdade porque o falso tem mais valor no mundo de androides.
O círculo da filosofia existencialista enxerga o problema do extermínio em massa, denuncia e se engaja pela libertação. O governo de Vichy, mantido pelo marechal Pétain no sul da França, entregou de bandeja famílias inteiras de judeus para irem “trabalhar” nos campos de concentração. Eles iam, na verdade, diretos para a câmara de gás e ao crematório.
Em Drancy, periferia de Paris, estava o campo de concentração que recebia famílias de toda a França. Eles aguardavam um trem de “carga”, daqueles de animais para se deslocarem socados durante três dias. Os mais fracos, doentes, velhos, mulheres e crianças chegavam mortos, pisoteados, com fome e sede, outros pisoteados. Todos iam de pé. O objetivo do nazismo era o extermínio. Quem não morria de frio e fome, morria de tifo, disenteria e até mesmo gripe na temperatura de vinte graus negativos.
Os tempos mudaram. O nazismo mudou de campo. Se a ONU teve peso na escolha de Israel para acolher os apátridas, a crueldade tem outro cenário.
Hoje temos a geopolítica da força e a pressão imperial. Ela deseja anexar regiões estratégicas para estender sua cortina de ferro. Ao determinar que a Rússia e a Ucrânia terminem a guerra, ele estabelece o perdedor, exige a devolução de 500 bilhões de dólares de Zelensky que se sente traído.
Quem perde, na verdade, é a União Europeia que aos olhos do novo imperador, deve pagar a dívida ucraniana e parar com o sonho de aumentar o número de membros da OTAN. A preocupação maior de Trump é angariar fundos, fazer dos Estados Unidos a potência capaz até mesmo de enfrentar os países emergentes do Brics.
A determinação é também crucial para os dois milhões de habitantes de Gaza. A intenção do genro de Trump é construir o balneário para os ricos de Israel, uma espécie de Côte d’Azur. Para tanto a expulsão dos árabes rumo aos países vizinhos é a condição sine qua non. Para ter uma desculpa concreta pra invasão das ruínas de Gaza, o presidente americano determina que os reféns israelenses devem voltar pra casa até sábado.
Se isso não for doença por falta de neurônios, é o crepúsculo do imperialismo moderno. A lógica da guerra é o final pacífico, mas politicamente falando, as guerras acabam por endoutrinar os conceitos de fraco e de forte. O que fica gravado é o sinal de invencibilidade, de potente, mesmo que ela cause estragos dramáticos. A sofística das guerras é justa e injusta, ambivalente, ela trabalha com falsas desculpas.
O exemplo mais claro é a guerra contra o Iraque. Dizia-se que havia armas químicas. Mas depois que Saddam Hussein foi enforcado pelo ódio imperial, Tony Blair e Bush foram desmascarados, tudo não passava de mentira e armação contra o califa.