Após ser reeleita no 2º turno, no final de outubro do ano passado, a prefeita Adriane Lopes (PP), suspendeu as obras de pavimentação no Bairro Ramez Tebet, na saída para São Paulo. Com as chuvas de verão, grandes crateras tornaram as ruas intransitáveis e transformaram o sonho de asfalto em pesadelo para os moradores.
A Rua Fidélis Bucker foi engolida por um grande buraco e ficou totalmente intransitável após as chuvas da semana passada. Um morador indignado viralizou nas redes sociais ao publicar um vídeo dentro da cratera e comparar o buraco uma nova modalidade de habitação com a marca da atual prefeita.
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O eleitor revoltado afirma que a prefeita lançou tecnologia nova e avançada para construir moradias na Capital, a casa subterrânea. “Construída com a força natural da água e da chuva”, debocha como forma de protesto para chamar a atenção da progressista. Ele percorre um longo trecho da via totalmente tomada pela erosão.
“Nesse local, a cratera é tão grande que cabe uns 30 carros”, estima o morador, mostrando o buracão em que a via se transformou sem receber o tão sonhado asfalto. Onde não tem buraco, as ruas foram tomadas pelo barro e os moradores passaram a conviver com o atoleiro, um novo pesadelo para deixar a casa para ir trabalhar.
Em entrevista ao site Campo Grande News, Ivanês da Silva, que mora no bairro há cerca de 17 anos, lamentou a paralisação da obra em dezembro do ano passado. “Eles estavam finalmente fazendo obra aí, mas parou em dezembro e ficamos abandonados. Toda vez que chove, a obra inacabada dá problema. Já é o segundo buraco que abre, mas dessa vez já é uma cratera”, indignou-se.
Um empresário também lamentou a situação e destacou o transtorno financeiro pela obra parada de Adriane. “Eu já tive prejuízo, dia de chuva não dá nem para passar aqui. Imagina de noite, se alguém não vê de longe. Isso aqui está perigoso, abandonaram nós aqui”, afirmou Edson Luiz.
Obra eleitoreira?
Adriane lançou as três obras, com investimentos de R$ 15,3 milhões, e prometeu pavimentar todo o Bairro Ramez Tebet. As placas foram colocadas em julho e as máquinas transformaram a região em um canteiro de obras e deram vazão ao slogan da campanha pela reeleição, de que começou a realizar as obras e iria realizar muito mais em quatro anos.
A etapa B previa investimento de R$ 1,8 milhão e concluiria a pavimentação no dia 4 de novembro do ano passado. Três meses após o prazo final, não houve a pavimentação de nenhum metro quadrado.
A etapa A previa investimento de R$ 3,727 milhões e seria concluída em 180 dias, até o dia 6 de janeiro deste ano. A obra também está suspensa e sem previsão de retomada, para desalento dos moradores.
A terceira fase, denominada de etapa C, terá investimento de R$ 9,820 milhões e ainda englobará os bairros Macaúbas e Campo Grande. O prazo é de pavimentar os três bairros em 270 dias.
Além dos buracos e do atoleiro, apenas uma máquina pesada está em um canteiro de obra. E apenas um trecho está em obras de construção das galerias pluviais. Antes da eleição, as três frentes de trabalho contavam com maquinários e operários.
Prefeita culpa Lula
Se durante a campanha, Adriane culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por não investir um centavo em Campo Grande, agora, a prefeitura culpa o petista por atrasar o repasse para a continuidade das obras.
“Os projetos de drenagem e pavimentação no bairro Ramez Tebet estão divididos em 3 etapas, sendo que as etapas A e B sofreram suspensão por conta do atraso na liberação dos recursos federais no final do ano passado”, informou por meio da assessoria.
“A etapa A compreende a obra na Rua Fidelis Bucker, que vai acabar com o problema das enxurradas nessa via, e a retomada das obras está dependendo do repasse das verbas federais”, pontuou, condicionando o fim das crateras ao Governo federal.
“A etapa B houve a liberação do recurso atrasado e a empresa deverá retomar a obra assim que o tempo melhorar”, pontuou, sobre a obra que deveria ser concluída em novembro.
“Já a etapa C está sendo executada a obra de drenagem e os trabalhos prosseguem. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Púlbicos (Sisep) enfatiza que, para que os moradores não fossem prejudicados, mesmo com o atraso nos repasses federais, os trabalhos prosseguiram com a contrapartida do município”, destacou a prefeitura.
O caso é exemplar da política brasileira. A cada dois anos, os políticos mostram trabalho, ganham o voto do eleitor e, fechadas as urnas, a vida volta ao ritmo de sempre. E o eleitor nunca aprende, sempre dá um voto de confiança e mantém o ciclo triste da política brasileira.